04/09/15

Refugiados

Marquem-nos como gado a troco de um punhado de ração que sobre das mesas ou das manjedouras nacionais; ofereçam-lhes guetos e estatutos temáticos que, fronteiras dentro das fronteiras, a pretexto de discriminação positiva, os impeçam de assumir a liberdade e a responsabilidade da sua escolha da Europa; acolham-nos como mão de obra forçada para limpar florestas e latrinas ou prestar serviços domésticos às autoridades e organizações de benemerência locais; metam-nos em escolas à parte que sublinhe e reproduza a sua diferença e obriguem-nos a ter "conselhos judaicos" que os mantenham na identidade que lhes foi imposta pelas culturas a que fugiram; façam deles tudo o que quiserem menos cidadãos europeus adultos que possam vir a embarcar com os indígenas na empresa de desenterrar a velha divisa igualitária de "não mais deveres sem direitos, não mais direitos sem deveres"; sim, façam deles tudo menos isso; tudo menos o que possa torná-los agentes de precipitação de uma ameaça capaz de redespertar, a favor da ruptura com as representações estabelecidas, o espectro da democracia…

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