Tirar a floresta das mãos do eucalipto, por João Camargo
"(...)E continuará a haver fogos, mas menos incêndios catastróficos. Está na nossa mão fazer com que sejam menos violentos e menos frequentes. Para isso temos de tirar o apoio às celuloses e dá-lo às populações. E investir num futuro que não voe à vontade dos desejos de uma indústria que prolifera na decadência."
Como passámos a ter estradas onde corremos o risco de ser incinerados, por Jorge Paiva
"(...)Com as montanhas ocupadas por eucaliptais, deu-se o êxodo rural pois, como os eucaliptos são cortados periodicamente de dez em dez anos, o povo não fica dez anos a olhar para as árvores em crescimento sem ter mais nada que fazer. Assim, o povo, além do abandono rural a que foi “forçado”, ficou ainda numa dependência económica monopolista, um risco para o qual não é, nem nunca foi, alertado. Desta maneira, as nossas montanhas passaram a estar cobertas por florestas mono-específicas, com árvores altamente inflamáveis (o pinheiro por ser resinoso e o eucalipto por ter produtos químicos aromáticos, arremessando ramada inflamada à distância, por esses produtos serem voláteis e explosivos).(...)"
20/06/17
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2 comentários:
Valeria a pena ler o que os ecologistas e particularmente Afonso Cautela, um dos mais activos pioneiros do movimento ecológico em Portugal, escreveram sobre a monocultura do eucalipto em Portugal nos anos 70/80.
É isso mesmo. Tal como escrevi no post anterior:
"Não se tratou de nenhum azar, nem de nenhuma catástrofe natural. Os azares são o que sobra depois de todos terem feito aquilo que é exigido e que o conhecimento técnico possibilita. Como muito bem descreve a Quercus, há décadas que é conhecido o perigo que representa a expansão do eucalipto em Portugal."
É óbvio que todos aqueles que promovem a plantação de eucalipto, desde a indústria do papel, passando por muitos políticos, e acabando no pequeno produtor florestal, são culpados morais pelo que tem acontecido à floresta portuguesa e pelas consequências daí decorrentes. Não podem fingir que não sabiam. Há muito a criticar nos EUA, mas se a tragédia de Pedrogão Grande lá tivesse ocorrido, a indústria do papel (e talvez também o Estado português) seria colocada de joelhos com as indemnizações resultantes de processos em tribunal. Basta ver o que ocorreu com a indústria do tabaco.
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