Realizou-se, entretanto, no passado sábado, na Casa da Achada, a apresentação do livro, para a qual fizeram o favor de me convidar - tive a companhia da Professora Isabel Raposo, da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e da Rita Silva, dirigente e fundadora da Habita, figura destacada da luta pelo direito à habitação na cidade de Lisboa - a que se seguiu uma conversa sobre a magna questão da habitação na cidade com a participação da Maria de Lurdes Pinheiro, dirigente da Associação do Património e População de Alfama, do António Brito Guterres, investigador do DINAMIA/CET -ISCTE, e da arquitecta e cenógrafa, Ana Jara, entretanto empossada como vereadora substituta na Câmara de Lisboa, em representação do PCP.
Um bom debate, com casa cheia, com intervenções que nos mostram uma realidade que, como dizia o Chico Buarque a propósito da "dor da gente", não sai nos jornais. Histórias de luta e de resistência em curso na cidade de Lisboa, contra o exercício do poder autocrático dos que são eleitos para, como autarcas, exercerem o poder em defesa dos seus concidadãos, e optam por os ignorar.
A velha história, já ressequida e requentada, dos que, para lá das proclamações mais ou menos retóricas, apostaram todos os trunfos em ceder o passo ao Mercado, anulando ao limite a intervenção pública, demitindo a Administração de exercer a sua função de garante dos direitos sociais, mesmo aqueles que estão, supostamente, protegidos pela Constituição, como acontece com o direito à Habitação.
Volta a ser tempo de escutar Sérgio Godinho a recordar-nos que só há Liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação. Entretanto, vale a pena ler o livro já que, apesar da passagem do tempo, como tive oportunidade de dizer na minha intervenção, a actualidade de cada um dos textos não foi erodida. Talvez porque a cidade que está a ser "reabilitada" não seja aquela cidade que todos os diferentes autores gostariam de ver reconstruída. Uma cidade para todos.
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