22/03/14

Ainda sobre Alexander Hamilton

Ambos particularmente versados na história do pensamento económico, Francisco Louçã e João Rodrigues vieram atempadamente recordar Vítor Gaspar do seguinte: o ex-ministro não deveria apenas levar em linha de conta que Alexander Hamilton era crítico de tendências de endividamento, mas também que Hamilton era um defensor do recurso a políticas proteccionistas. Nada contra os comentários de Louçã e Rodrigues, mas o caso de Hamilton é também uma boa oportunidade para questionar os limites de uma política económica antiliberal que se baseie numa estratégia nacional. É que, apesar de não devermos considerar a política económica norte-americana como uma realidade histórica homogénea, haveria que perguntar se entre o proteccionismo de Hamilton e o liberalismo económico de dirigentes e pensadores norte-americanos que se lhe seguiram existem pontos em comum e não apenas diferenças. Na verdade, quando se diz - e bem - que o universalismo do livre-cambismo é em boa medida a "falsa consciência" do nacionalismo dos mais fortes, estamos já a admitir a possibilidade de continuidade entre proteccionismo e liberalismo sob a égide de um nacionalismo económico. Por este podemos compreender não apenas os proteccionismos mais autárcicos mas também o mais expansionista e imperialista defensor do livre-cambismo. E, enfim, este tipo de problema poderia replicar-se para o debate em torno de List e do pensamento económico alemão.

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