Aqui fica um alerta do João Bernardo sobre a questão dos refugiados. Na realidade, trata-se do texto de um e-mail que faz parte de uma já longa correspondência que o seu autor, o João Valente Aguiar e eu próprio vimos mantendo sobre o assunto.
A vaga de migração que tem convergido na Europa é o facto social e político mais importante das últimas décadas. Esta vaga de migração mostra que o internacionalismo proletário é uma realidade prática, mesmo quando não é conceptualizado pelos teóricos da política, e que a formação da classe trabalhadora ultrapassa as fronteiras nacionais e culturais. Ora, devemos considerar que essa vaga de migração tem seguido um percurso geográfico determinado pela existência da União Europeia e do acordo de Schengen. Ou seja, a vaga de migração tem aproveitado ao máximo esses embriões de federalismo europeu e tem reclamado, tal como ontem reclamou com alguma energia, quando um governo europeu infringe completamente a liberdade de circulação prevista no acordo de Schengen. Quando nós defendemos que é o quadro do federalismo europeu, e não o das multiplicações de soberanias, aquele que melhor corresponde aos interesses da classe trabalhadora, estamos agora a ver a confirmação deste facto. Por isto mesmo as reacções perante a vaga de migração não têm correspondido às clivagens políticas habituais. Nomeadamente, foram voluntários das mais variadas origens quem mais rapidamente se mobilizou para prestar um apoio concreto, no terreno, aos refugiados e para os ajudar física e psicologicamente na jornada, e não partidos e grupos de esquerda. Pelo contrário, a maior parte da esquerda, ou seja, daquilo a que, por razões variadas, continua a chamar-se esquerda, mostra-se oposta ao federalismo europeu, quando não mesmo à União Europeia, e defende um reforço das soberanias.Ora, vários governos invocam precisamente esse reforço da soberania para se oporem às quotas obrigatórias de repartição dos refugiados. Em conclusão, a actual vaga migratória confirma a urgência de reforçar o federalismo europeu e de reduzir o escopo das soberanias e mostra, uma vez mais, que as antigas linhas de demarcação política já não correspondem aos factos e que é indispensável redefinir a área da esquerda.
17/09/15
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1 comentários:
Se, pelo contrário, uma Grécia governada pelo kke escancarasse as portas e fosse além das quotas previstas pela "uniao", teríamos mais soberania e simultaneamente mais internacionalismo proletário, o que seria contraditório segundo jva.
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