27/12/15

O apoio de Corbyn a Costa

Uma boa notícia, a confirmar-se. Este é o tipo de influência política a que o PS tem sido militantemente avesso. Na entrevista ao Morning Star, Corbyn refere-se a um apoio ao Governo de Portugal e às suas políticas anti-austeritárias.

I had a very useful meeting with the prime minister of Portugal on Thursday and he has invited me and John McDonnell to go there and hold meetings in support of their programme of anti-austerity.

Vamos esperar para ver, mas, a confirmar-se seria uma boa notícia. Não há neste momento uma personagem política de esquerda, na Europa, com a dimensão de Corbyn. A sua vitória na liderança do Labour foi mesmo um dos mais importantes acontecimentos políticos do ano, senão o mais importante, pelo poder de transformação da política europeia que ele potencialmente encerra. Tomar por dentro o pilar esquerdo do neoliberalismo, o conservador Labour de Blair e Brown, e mudar o sentido e a forma de fazer a política, foi um feito político com um enorme potencial transformador. O facto de  pretender mudar a Europa e apostar na união de forças para permitir essa mudança é um sinal. A sua referência regular a partidos como o Podemos e o Syriza e às organizações sindicais, no contexto europeu, mostram que ele opera numa lógica que ultrapassa os limites tradicionais dos exaustos partidos socialistas.
Mas, mais importante do que isso é o facto de Corbyn defender que são os cidadãos os actores da política. É o medo que esse posicionamento provoca que, segundo ele, justifica a campanha tão insistente contra a sua liderança.

It’s because we are doing a different form of politics, which is a mass movement of ordinary people for the first time getting involved

Esse facto novo de chamar os cidadãos ao lugar central da construção das políticas rompe com a despolitização do dia a dia dos cidadãos, que levou à irrelevância da social-democracia europeia. Corbyn quer cidadãos-políticos e não os clássicos cidadãos-consumidores - alimentados a crédito - com a barriga cheia e a cabeça vazia.
Corbyn defende, e prevê, uma radical democratização de todos os aspectos da vida na Inglaterra. A primeira eleição - eleição intercalar em Oldham - recentemente realizada, que muitos anteviam catastrófica, parece mostrar que as pessoas estão do seu lado. Não admira.



2 comentários:

Anónimo disse...

Corbyn quer uma aliança contra a austeridade na Europa - na sua companhia virá John McDonnell que surpreendeu ao apoiar o programa fiscal de Osborne que o obrigou mais tarde a uma viragem com grande embaraço ao não querer ser identificado com os cortes do governo conservador.

José Guinote disse...

O Labour sob a direcção de Corbyn teve sempre uma posição clara de oposição ao programa de cortes nas deduções fiscais defendido pelos Conservadores. Corbyn faz referência a esse posicionamento nesta entrevista ao Morning Star. No entanto, alguns deputados trabalhistas optaram pela abstenção, contrariando as orientações da liderança. Recorde-se que os Tories têm maioria absoluta. Mas, essa é a situação actual, o projecto conservador foi inviabilizado por uma inusitada tomada de posição da Câmara dos Lordes, de aqui fiz eco.(A tradição já não é o que era e ainda bem) Posição fomentada pelo trabalhistas mas que contou com o apoio dos lordes conservadores. Ainda não ocorreram cortes que iriam afectar sobretudo as classes de menores rendimentos já que acabavam com as deduções relacionadas com despesas com a saúde e com a habitação entre outras despesas sociais.