04/05/18

Nova crise argentina?

Com disparada do dólar, BC da Argentina anuncia novo aumento da taxa de juros (Globo Economia):
O Banco Central da Argentina informou nesta quinta-feira (3) que decidiu subir para 33,25% a taxa básica de juros do país, em meio a uma forte desvalorização do peso argentino frente ao dólar. Foi a segunda alta em menos de uma semana, como tentativa de frear a queda da moeda.

Subir a taxa de juros é uma maneira de tentar atrair investidores para o país, pois torna as aplicações mais rentáveis. Com mais agentes interessados em investir na Argentina, a tendência seria a valorização de sua moeda.
Relembro o que escrevi há uns tempos (a propósito da Venezuela mas fazendo a comparação com a Argentina):
[O] que está a acontecer na Venezuela é o que acontece quando combinamos um governo de esquerda com câmbios fixos sobre-valorizados (um governo de direita com câmbios sobrevalorizados dá a Argentina na viragem do século).

Para manter um câmbio fixo com a moeda de outro país, o banco central tem que ter uma reserva de moeda estrangeira que lhe permita trocar a sua moeda por moedas estrangeiras sem desvalorizar (...)

No caso de um governo de direita a segurar um câmbio fixo sobrevalorizado, o resultado costuma ser os bancos centrais a subirem as taxas de juro para atraírem capitais estrangeiros, e assim lançando a economia numa recessão quase permanente.

De novo, não é raro que no fim o governo acabe por desvalorizar a moeda, mas também aí é já tarde e a curto prazo o único efeito da desvalorização e juntar ao desemprego uma subida de preços (creio que a crise argentina foi mais ou menos assim).

Ou seja, o resultado de câmbios sobrevalorizados + políticas de esquerda é uma crise do lado da oferta, com escassez de produtos; já para câmbios sobrevalorizados + políticas de direita o resultado é uma crise do lado da procura, com desemprego e falências em cadeia.

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