Um buraco negro é uma estrela que se torna tão pesada que implode, passando a sua tremenda gravidade a impedir até a saída de luz. Assim, não pode ser observado directamente, tornando-se notório apenas pelo efeito das suas acções na vizinhança. Cada objecto que traga some-se num breve fogo-de-artifício. Para nunca mais ser visto.
Também há pessoas assim. Gente em cuja órbita os fenómenos abundam: coisas desaparecem; portentos medram às escondidas; processos mergulham na escuridão; nem um raio de sol ilumina os seus subterrâneos.
Sócrates, por exemplo, cresceu no lado negro. Desde a juventude, é acompanhado por uma densa sombra: obras esquisitas, projectos apócrifos, licenciatura inexplicada. Depois, quando amealhou mais massa, o buraco negro deu no que se sabe. Ao menos agora estacionou em galáxia alheia, mais próspera e calma.
Paulo Portas é outra destas nigérrimas maravilhas. Os eventos miraculosos perseguem-no: na sua vida empresarial, no governo. Cada vez que se investe de maior magnitude, esta estrela malsã vê-se no centro de novo festival de bizarrias celestes: casinos, sobreiros, financiamentos partidários, submarinos, fotocópias em quantidades cósmicas... e agora umas resmas de documentos. Tudo desaparece, tudo se eclipsa em murmúrios insubstanciais, fantasmas emigrados algures para lá do universo conhecido.
No nosso espaço próximo, estas anomalias cosmológicas não param de se multiplicar. Como o prova esse astro menor mas prometedor, de nome Relvas, eclodido na nebulosa de S. Bento...
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