Em geral, não gosto de manifestações. Ou são uma seca ou são estressantes. Também não gosto muito de centenas de pessoas juntas num espaço pequeno, seja a correr, seja em marcha lenta. Odeio aquela performance (à falta de melhor nome) do «com este governo, andamos para trás», o tom monocórdico do «trabalho sim, desemprego não» e o tesão do mijo por trás do calhau mandado ao bófia. Para mim, um dia bem passado implica estar com uma pessoa e um livro. Basta isso!
Tudo isto é trágico. Se vivêssemos num mundo minimamente sério não estava aqui a escrever a isto, nem vocês me estavam a ler. Tanto eu, como todos os outros, trabalharíamos o menos possível e isso bastaria para que todas as nossas necessidades, das primárias às secundárias, fossem satisfeitas. Isto deveria estar garantido à partida porque, por e simplesmente, corresponde à opção mais inteligente de se organizar uma sociedade.
Esse mundo não existe. Fazê-lo existir é possível; no entanto, a luta contra aquilo que é trágico não pode deixar de ser ela própria trágica: reuniões intermináveis, distribuição de panfletos (1 em 100 são lidos), pessoal mamado, facadas nas costas, perseguições nos locais de trabalho, umas bastonadas de vez em quando. Tudo isso é chato, mas se não for feito a tragédia depressa chegará à barbárie.
Por isso, daqui a bocado vou para Alcântara. Por mais chato que isso seja.
2 comentários:
«Se vivêssemos num mundo minimamente sério não estava aqui a escrever isto, nem vocês me estavam a ler».
Em qualquer sociedade é sempre bom ler o que menino escreve.
Abraço!
A manifestação foi realmente chata.
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