Uma leitura original e cerradamente argumentada de Balzac, ao mesmo tempo como autor da Comédie e personagem de si próprio; uma concepção, não banalmente "pós-marxista", mas "meta-marxista" da história inseparável de uma concepção da literatura, não como representação, mas como "criação" e, sobretudo, "criação de real", através de uma interrogação renovada e profunda da articulação daquilo a que Croce chamava "duas asas", a da poesia e a da história; e, por fim, uma reflexão sobre as consequências de tudo isto (e de uma leitura exaustiva de Balzac e da sua linguagem própria) sobre a acção da literatura e as dimensões "poéticas" da própria acção — eis outras tantas razões que tornariam indispensável ler o volumoso e, todavia, singularmente ágil ensaio, A Sociedade Burguesa
de um e outro Lado do Espelho. La Comédie humaine, que o João Bernardo acaba de editar em PDF e de enviar a alguns amigos e conhecidos ( e que eu resolvi tornar acessível a outros leitores, improvisando para o efeito um site rudimentar e que, até ver, não tem outro préstimo senão permitir "linká-los").
Acresce que a este A Sociedade Burguesa…, o João Bernardo juntou um outro volume — mais breve e que só à pressa pude percorrer ainda —, Os Sentidos das Palavras. Terminologia económica e social em La Comédie humaine, que, além de ser uma reflexão aprofundada sobre os problemas da tradução, absolutamente recomendável a quem a pratique ou se interrogue sobre o tema, é uma magnífica introdução tanto à paisagem histórica e romanesca de Balzac, solidária do "idioma" do escritor, que, por ela trabalhado, a trabalha por seu turno, como à historicidade ou temporalidade dessa instituição soial central, e a cada vez outra na mais viva reiteração do seu conatus, que é a linguagem humana.
18/10/13
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1 comentários:
Ola,
Muito interessante, pelo menos o tema, e não duvido que as duas obras também. Grande ideia de divulga-las. Vamos agora tratar de encontrar maneira de ler mais de 700 paginas no ecrã...
Abraço
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