18/12/13

Israel não existe

Ou, pelo menos, não existem israelitas (segundo o seu Supremo Tribunal).

1 comentários:

joão viegas disse...

Ola,

Vamos tentar (não disse conseguir...) encarar este assunto abstraindo-nos do territorio e dos povos em causa : o que o Tribunal esta a dizer, tanto quanto percebo, é que a "nação" não é necessariamente equivalente ao "povo' como elemento constitutivo do Estado.

Corolario : o facto de pertencer a um Estado não é suficiente para conferir uma "nacionalidade" (no sentido de pertença a uma "nação"). Dito de outra maneira, talvez mais positiva, existe uma diferença, pelo menos analitica, entre "cidadania" e "nacionalidade".

Com certeza que a questão deve ter sido encarada à luz dos preceitos constitucionais vigentes em Israel (não estou a dizer que a decisão foi acertada, apenas que faz pouco sentido, de um ponto de vista juridico, se não a enquadrarmos no seu contexto normativo).

No entanto ha aqui um dado que não nos deve surpreender e que não tenho a certeza que deva ser criticado. Afinal, existem Estados pluri-nacionais ; e também existem nações que não se enquadram num Estado.

Em Portugal, lembramo-nos que os judeus foram outrora a "gente da nação". Talvez por isso, e apesar de muitas tentativas com excelentes intenções, a nossa lingua nunca se deu bem com a distinção entre "Israelitas" e "Israelianos", como alias se prova no texto do post.

Vejo muitas vezes, aqui no Vias de Facto, criticar-se o "nacionalismo" e subscrevo a essas criticas. Julgo que é defensavel, embora um pouco caricatural, ver no "nacionalismo" um perigoso desvio dos ideais de esquerda, com consequências que podem ser dramaticas. Lembremo-nos que a "soberania nacional", durante a revolução francesa, representava uma aspiração a sair dos limites implicados pela pertença a uma terreola (um "pais"). Uma ideia generosa e universalista portanto, pelo menos à partida. Sabemos que o conceito teve depois uma historia mais triste*...

Em resumo, não li o texto do acordão, mas não tenho a certeza de que o que ele diz seja verdadeiramente problematico. Prefiro ser "cidadão" do que ser "português" (ou "irsaelita") e se tiver que escolher entre uma coisa e outra (o que, por principio, não deveria acontecer), pessoalmente, não tenho grandes hesitações.

Boas