06/01/15

Il ne suffit pas de refuser la légion d'honneur, encore faut-il ne pas la mériter !



O economista francês Thomas Picketty, referido aqui  pelo Pedro Viana, acaba de recusar a Légion d’honneur com algum estrondo. Seja este ou não o motivo, o facto é que ele tem feito coro às vozes, cada vez mais numerosas, que procuram lembrar ao governo de François Hollande que ele foi eleito pela esquerda.
Hoje, no Libération, o mesmo Picketty publica um ponto de vista muito interessante, que julgo dever partilhar convosco (em Francês, desculpem) :




Picketty não é propriamente um extremista. Tanto quanto sei, ele foi chamado em 2012 a contribuir para definir o programa económico de François Hollande, numa altura em que já se percebia muito bem que este aderia completamente à « social democracia » na sua vertente capitulativa.
Escusado será dizer que as reformas propostas por Picketty jazem hoje na célebre gaveta onde o Mário Soares arrumou outrora o socialismo…
Como diz muito bem o Gramsci/Jorge Valadas : « Não aos relógios-de-ponto espirituais ! ». Excelente máxima, que me parece aplicar-se a muitas coisas para além do Ano Novo.

4 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Caro João,
é curioso ver como um reformista assumido e típico consegue, apesar da ingenuidade com que parece acreditar ser possível aconselhar um Hollande, ser mil vezes mais "progressista" do que a "esquerda da esquerda" local, anti-europeísta e autoritária (e repara que não me refiro apenas ao PCP).

Forte abraço

miguel(sp)

João Valente Aguiar disse...

Faço minhas as palavras do Miguel. Vivemos tempos tão estranhos que qualquer partido ou personalidade social-democrata ou socialista é imensamente menos nocivo do que o nacionalismo autoritário de uma parte significativa da esquerda europeia. Seria interessante que o Syriza vencesse e conseguisse aplicar, pelo menos, parte do seu programa europeísta. Não seria necessariamente uma derrota ideológica, pois as causas do nacionalismo estão noutro lugar, mas essa representaria a maior derrota material das últimas décadas para a esquerda nacionalista. E para o nacionalismo.

Para além de ser a única forma de começar a reverter a austeridade...

Abraços

joão viegas disse...

Caros,

Tanto quanto percebo, o que diz o Picketty está bastante próximo daquilo que pensam muitos na ala esquerda do PS francês. Parece que os "reformistas" estão lentamente a despertar para uma visão mais fina e mais completa do conceito de "realismo", uma visão que não se satisfaz com a simples conquista do poder (para fazer o quê ?). A confirmar-se, isto seria uma excelente notícia.

Isto significa, também, que parece existir hoje mais espaço para que ideias de esquerda se tornem exequíveis, desde que as forças progressistas saibam organizar-se a nível europeu. Outra boa notícia, julgo eu.

É de facto uma pena constatar que a esquerda teima em dividir-se a propósito de fantasmas, em vez de se unir em torno dos seus princípios fundamentais... O meu diagnóstico pessoal, válido para os dois extremos (reformo-capituladores de um lado, guerrilheiros da Póvoa de Lanhoso do outro) é simples : falta de compreensão daquilo que implica o autêntico realismo…

Abracos

Anónimo disse...

JVE e MSP em ininterrupto 69 sectário.