Nunca poderemos ser bem sucedidos nas negociações com os alemães se nos recusarmos a compreender a natureza e o desenvolvimento das ideias que os ocupam agora. A teoria de que os alemães são naturalmente corruptos, de modo algum defensável, é muito pouco honrosa para aqueles que a exprimem. [...] O problema não consiste em saber porque é que os alemães são intrinsecamente corruptos pois, na verdade, não o devem ser nem mais nem menos do que os outros povos, mas em determinar as circunstâncias que, nos últimos setenta anos, tornaram possível o gradual desenvolvimento e a consequente vitória de um certo conjunto de ideias e em compreender como é que essa vitória elevou à chefia do Estado precisamente os elementos mais corrompidos. Odiar pura e simplesmente tudo o que é alemão em vez de combater as ideias específicas que dominam agora os alemães é, além do mais, um grave perigo pois acaba por cegar os que se entregam a tal ódio, impedindo-os de ver onde está a verdadeira ameaça. E receamos, com bons motivos, que tal atitude seja, muitas vezes, uma fuga ao reconhecimento de que as ideias que dominam os alemães não se limitam à Alemanha, uma maneira de evitar repensar e, se necessário, renunciar a ideias que recebemos dos alemães e que, como a eles (embora num grau de menor desenvolvimento), nos trazem iludidos.
F.H., 1943
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