22/12/15

A esquerda e a banca

A respeito do caso Banif (que talvez faça este governo ser tão curto com o anterior), uma coisa que me ocorre é que, atrás das aparências, a esquerda não tem tido uma posição muito clara sobre o problema da banca.

Sim, há muito que PCP e BE defendem a nacionalização, ou pelo menos o "controlo público", da banca, criticam os "lucros privados e prejuizos públicos", dizem que se anda a "salvar bancos" enquanto se corta em tudo o resto, etc.

Mas algo que não me parece que tenham tido uma posição clara é o que fazer a partir do momento em que os bancos privados realmente existentes (e não os bancos públicos que deveriam existir) vão à falência: salvá-los de qualquer maneira? Deixá-los falir (e arrastando os obrigacionistas e grandes depositantes pelo caminho)?

Na questão do Banif o PCP parece estar contra o negócio decidido anteontem, mas não percebo muito bem o que propôem em alternativa (talvez nas próximas horas se torne mais claro); já no caso do BES, a esquerda (talvez mais o PS do que a esquerda propriamente dita) parece-me ter andando com os "lesados" (isto é, os capitalistas "passivos") ao colo.

3 comentários:

Anónimo disse...

"capitalistas passivos"?

Miguel Madeira disse...

Capitalistas que só entram com capital sem participarem ativamente na gestão.

Anónimo disse...

Uma dúvida que me suscitou um artigo do insurgente: existem hoje milhares de pequenas empresas com depósitos acima dos 100.000 euros. Se se deixasse o banco cair ficariam essas empresas todas a arder?

A parte disso, uma vez que foi decidido democraticamente salvar o banco, não deveriam essas contas ser tornadas públicas? Ao menos sabermos quantos depositantes com mais de 100k existem e se são particulares ou empresas...