A América preza muito o seu sistema de "cheks and balances". Por isso não há memória de um Presidente ter, de uma forma tão radical, despedido um Director do FBI. Mas foi isso que Trump fez. Inicialmente Trump pretendeu aproveitar o comportamento de Comey na campanha presidencial - o famoso caso dos emails de Clinton - para justificar a demissão, mas, posteriormente, surgiram outras explicações. Para uns o que terá determinado a decisão do presidente foi o facto de Comey se ter recusado a jurar-lhe lealdade optando por prometer apenas e só ser honesto. Mas, parece irrefutável que o ex-director do FBI tinha solicitado mais recursos para avançar na investigação em curso sobre a ingerência russa nas eleições presidenciais americanas e nas ligações entre a sua campanha eleitoral e os russos.
Mais recentemente o próprio Trump admitiu que a investigação sobre "this Russia thing" pesou na sua decisão.
Seja como fôr esta situação levanta densas nuvens sobre o futuro de Trump enquanto presidente, já que são cada vez mais as vozes que contestam a actuação presidencial e o facto de ele parecer querer situar-se acima da lei. Os Republicanos, na sua mioria submetidos ao poder de Trump, asseguram, por enquanto, alguma protecção contra eventuais tentativas de avançar com um impeachement. Mas são muitos os que comparam a situação de Trump com a de Nixon, sendo que o velho presidente nunca teve coragem para demitir o então presidente do FBI e foi incapaz de questionar o velho sistema do "cheks and balances". Mas Trump é um revolucionário, como o definiu Pacheco Pereira, e isso não tem que ser - não é - necessariamente uma coisa boa.
Trump já tinha mostrado ao que vinha quando demitiu Sally Yates. Esta foi a primeira pessoa que trump despediu quando chegou ao poder. Mas na vetusta democracia americana os despedidos não perdem a voz e o poder que o seu conhecimento lhes assegura. Por isso as declarações de Yates ao Senado devem ter levado Trump a pensar que despedir alguém não é solução para todos os seus males. Por isso não se percebe que tenha insistido com o director do FBI. A menos que Trump se mova por desespero, o que poderá significar que o risco que ele corre é muito maior do que aquilo que nós podemos avaliar.
12/05/17
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