Diz João Cravinho, o dirigente socialista que mais pugnou pelo combate à corrupção, mas que foi esmagado pela maioria absoluta de Sócrates em 2005 - o poder político de Sócates no PS, como no País, no quadro dessa maioria política, era absoluto - que a corrupção anda sem rei nem roque.
Este discurso colide frontalmente com o discurso da direita e dos seus arautos, que andam muito contentes com o combate à corrupção, entenda-se combate "aos corruptos do PS, particularmente ao Socrates e aos seus amigos". Nunca o combate esteve tão aceso, foi tão eficaz, apresentou tão bons resultados. Natural que assim seja já que antes, segundo a narrativa da direita, não existiam corruptos. Apenas bons rapazes.
Cravinho diz outra coisa muito interessante: Quem esteve nos Governos de Sócrates não tirou as consequências. Isto tem destinatário: Os membros do actual Governo, antigos camaradas de governo de Sócrates, que, segundo Cravinho, permitem que a corrupção ande sem rei nem roque e, ainda por cima, permitem que a direita confunda o foguetório dos megaprocessos com um efectivo combate à corrupção.
15/05/18
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2 comentários:
Ola meu caro José Guinote,
Concordo. O que esta em jogo é fundamental, sobretudo para a esquerda. Compreender que o combate à corrupção é possivel e importante, é compreender que ele passa por uma procura de eficacia que o constrange a guardar a boa medida entre dois extremos, que ambos interessam aos que não desejam mudar nada : por um lado a fraca complacência com o que existe e a aceitação de uma justiça que o dinheiro pode instrumentalizar, ou alias paralizar, com a maior facilidade ; por outro a ambição justicialista que confunde o juiz com Dom Sebastião e acredita estupidamente na palingenesia numa futura manhã de nevoeiro. Ao contrario, temos de exigir, por um lado efectividade sem sacrificio dos principios ; por outro uma justiça que não procure realizar o alfa e omega (como querem os justicialistas), pois a efectividade da regra não realiza mais do que... a regra, que cabe sempre à politica definir.
Em arranjando tempo, estou a pensar dedicar uns posts à relação patologica que muitos portugueses têm com a justiça. Não nos iludamos, os histéricos que confundem a justiça dos tribunais com o juizo final são os piores inimigos da primeira e, não raras vezes, são os instrumentos, conscientes ou não, dos delinquentes interessados numa justiça sem braços.
Portanto, não percamos de vista esta maxima simples, que convém lembrar à direita histérica, e não sei se também (um bocadinho) ao Cravinho : o combate aos corruptos, pode muitas vezes ser o pior inimigo do combate à corrupção. Ora é este ultimo que importa. Convém nunca perder de vista a ordem das prioridades.
Abraço
Assino por baixo, meu caro João Viegas. A relação patológica dos portugueses com a justiça é muito fácil de instrumentalizar. Permite, com uma boa gestão dos casos mediáticos e com os megaporocessos, manter o essencial das prácticas políticas, que, suportadas na e pela corrupção se constituem num dos factores estruturantes da desigualdade estrutural e do subdesenvolvimento, também ele patológico, da nossa sociedade.
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