14/10/12
Um alerta lúcido do Passa Palavra sobre "A saída do euro e do fascismo" e vários equívocos de várias alternativas da "esquerda" nacionalista
por
Miguel Serras Pereira
…é o título de um editorial do Passa Palavra que formula mais completa e convincentemente do que eu poderia fazê-lo as principais razões de fundo do alerta democrático que, a propósito dos mesmos problemas, nestes últimos tempos, não me tenho cansado de repetir.
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4 comentários:
Por mais lúcido que seja o alerta, a nossa continuação numa união europeia, comandada sobretudo pelos capitalistas do Norte e fortemente apoiada pela classe trabalhadora bem instalada nesses países e que não sente a crise, não nos dá grandes soluções dentro do actual sistema.
Eu não simpatizo com o nacionalismo do PCP/KKE, mas acredito que é apenas numa situação "revolucionária" na qual o Sul da europa seja expulso do euro e da UE por incumprimento (coisa que a troika nunca deixaria acontecer em simultâneo, diga-se de passagem) que a súbita austeridade com que se confrontaria a classe trabalhadora que vive no Norte (para salvar a banca falida) poderia levá-la a uma viragem à esquerda, à imagem do que aconteceu na liberal e insuspeita Islândia.
Mais um texto-guia absolutamente realista e incontornável sobre o estado de indigência das " esquerdas clássicas", essa espécie(s) incongruente e sinistra de estruturas e de perfis socio-psico-caracteriais em trânsito para tentarem perpetuar o martirio burocrático e o equivoco da liderança piramidal, ao mesmo tempo favorecendo e reforçando os traumas profundos da sociedade de classes antagónica e assimétrica...E mitologisando de forma dupla e com rigorosa má-fé,o espantalho espúrio da tentação nacionalista. " Desde que um sector da sociedade política e social toma conta da gestão, o resto da sociedade fica automaticamente reduzido ao estado de simples objecto manipulável desse sector. E, se esse punhado de elementos socio identificados consegue assegurar uma posição dominante,vai tentar tudo por tudo para se cobrir de privilégios( um nome exquis para a apropriação da mais-valia). Por conseguinte, a partir daí, esses privilégios devem ser defendidos e a dominação deve tornar-se mais perfeita. Essa espiral que se auto-amplifica por si conduz rapidamente à formação de uma nova sociedade de classes. É essa a lição pertinente que devemos extrair do estudo da degenerescência da Revolução de Outubro- isso, e de forma alguma o " atrazo " ou o " isolamento internacional ".(...) Se portanto a revolução socialista deve eliminar a exploração e eliminar a crise da sociedade actual, deve eliminar todos os segmentos distintos de dirigentes especializados e permanentes que exercem a dominação nas diversas esferas da vida social. E isso deve-o realizar prioritariamente no interior do processo produtivo. Por outras palavras, a revolução não se deve limitar a expropriar os capitalistas. Deve também " expropriar" a burocracia gestionária para fora das suas actuais posições privilegiadas. O socialismo não poderá ser instaurado, a não ser que seja introduzida, desde o primeiro dia, a gestão da produção pelos trabalhadores.(...) Por razões misteriosas, os marxistas sempre idealizaram a realização do poder da classe operária unicamente em termos de conquista do poder politico. O poder efectivo, sobretudo o poder sobre a produção na vida quotidiana, ficou sempre ignorado e oculto ", in " O conteúdo do socialismo ", C. Castoriadis,1979. Niet
A saída do Euro e da Europa poderia provocar tudo até mesmo um populismo autoritário à falta de uma perspectiva, socialmente aceite, de mudança radical do sistema e das instituições.
Portanto no campo da futurologia só se podem fazer especulações e apostas.
Um cenário que ninguém quer enfrentar no campo dos críticos do capitalismo é o da oposição das ruas levar tão somente a uma reestruturação do capitalismo e do Estado e a um novo ciclo no seu desenvolvimento.
Estamos numa daquelas fases que se caracterizam pela instabilidade, incerteza e indefinição, nem um excesso de racionalismo, nem uma grande fé, nos vão ajudar a prever o futuro. Façamos o que se faz nestas ocasiões: naveguemos à vista e juntemos forças para levar o barco na direcção que entendemos ser a melhor, impedindo que os "oficiais enlouquecidos" o afundem. Se chegarmos à ilha da Utopia, melhor.
Foi a que ganhou nos açores, uns 8000 votos em 44000 que já tinha, ou a que perdeu quase 1000 dos anteriores 5000?
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