Cavaco, no final da sua longa e proveitosa carreira política, teve ontem a possibilidade de verbalizar aquilo que pensa dos portugueses que agem politicamente de maneira diferente da sua: não são dignos de eleger governos e não são dignos de verem o seu voto respeitado em pé de igualdade com o dos seus concidadãos.
Para Cavaco há portugueses bons - os que pensam como ele - e portugueses maus - os que se atrevem a pensar de forma diferente da sua. Os primeiros podem eleger e ser eleitos, como estabelece a Constituição da República, os segundos, podem eleger mas quem eles elegem não pode, mesmo que o resultado eleitoral o permita, integrar Governos. Ser de esquerda - uma esquerda definida de acordo com o elevado critério do inquilino de S.Bento - é um defeito, uma patologia que limita os direitos políticos de quem dela padece.
Cavaco gostou sempre de fingir que era um democrata, um institucionalista, um europeu. Ontem mostrou, se necessário fosse, que nele tudo é representação e disfarce, pura e conveniente encenação. Na primeira contrariedade o chefe de facção, o líder partidário sectário e autoritário, emerge, mandando às malvas tudo o que sempre dissera. Afinal, pode alguém ser quem não é?
PS - Historicamente são vários os exemplos de partidos que criticando a União Europeia e defendendo a saída da NATO, participaram em Governos no âmbito da União Europeia. Como aliás aconteceu em Portugal com a participação no Governo do CDS/PP, um partido ferozmente antieuropeu antes da conveniente guinada de Portas. Neste post não faço qualquer referência á nomeação de Passos Coelho que sempre considerei inevitável e até desejável neste contexto.
23/10/15
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1 comentários:
Historicamente haviam governos é certo...mas estariam eles a governar em contexto de grande endividamento e a lidar com politicas de austeridade?
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