04/10/17

O pecado original da esquerda à esquerda do PS

A Geringonça autárquica recebeu a extrema unção na reunião do comité central do PCP, que reuniu no passado dia 3, ainda abananados pelos resultados nas eleições autárquicas.
Medina pode esperar sentado se quiser repetir em Lisboa a fórmula que Costa ensaiou no País e que tão bons resultados deu... ao PS. O PCP viu-se desapossado, pelos socialistas, de nove câmaras.Não se faz, uma coisa assim. Não terá sido de propósito, poderia dizer Costa, se pudesse. Mas aconteceu.

Neste momento podemos fazer as leituras que quisermos mas há uma única conclusão possível: o PS capitaliza esta aliança politica em proveito próprio, quase exclusivo.

O caso do PCP é agora o mais referido, até porque o BE, no nível em que está em termos autárquicos, nada podia perder nestas eleições. Se a eleição de um vereador em Lisboa dá para festejar tanto - um regresso aos tempos de Sá Fernandes, repare-se - podemos imaginar que o BE nao contava para este campeonato. Deve ser esse o significado de contribuir para uma grande vitória da esquerda. 
O PCP, cautelosamente, não se arrisca a chumbar o próximo  Orçamento porque sabe que, neste preciso momento, com tudo a desfazer-se à sua volta, António Costa pode cair na tentação de aproveitar a minima gaffe para marcar eleições antecipadas. Nesse cenário seria previsível que PCP e BE sofressem duas derrotas colossais. 

Afinal qual foi o problema?  Na altura da formação do Governo com apoio parlamentar das esquerdas, dissemos, [aqui, aqui, ] que não integrar o Governo era um erro crasso. Escrevi então

"Gostaria de ter escrito neste post que Portugal vai ter um Governo que resulta de uma coligação pós eleitoral dos três partidos que suportam politicamente o Governo. Em que todos os partidos comprometidos se envolviam a fundo nas responsabilidades governativas, na construção das respostas políticas de todos os dias.  Não foi essa a vontade dos protagonistas e foi pena, acho eu. Mas essa reflexão fica para depois"


Pois foi. Fora do Governo, a leste da gestão do Quadro Comunitário, sem ter nenhuma responsabilidade politica efectiva em nada do que vai correndo bem no País, continuando a clamar contra a austeridade ainda dominante na saúde na educção e contra a falta de uma politica de habitação, cuja responsabilidade é do Governo que apoiam, o PCP e o BE, podem sentir-se incompreendidos, mas mostram que não compreenderam o verdadeiro desafio que tinham pela frente. 

A posição do PCP relativamente à Europa justifica a posição que tomaram. No caso do BE foi em tempo esclarecido por Mariana Mortágua que também era isso.

"(...)Aquilo que permite um acordo com estas características, mas não permite uma coligação de Governo diz respeito àquilo que nos diferencia. Estou a falar das questões europeias, do Tratado Orçamental, da dívida(...)"   disse ela.

Pois foi. Um erro crasso, cujas consequências ainda agora começamos a entender. A pouco e pouco, mas com passo certo. Apoiar um Governo de esquerda naquele quadro politico concreto foi uma opção politicamente inatacável. Ficar fora do Governo por sectarismo e falta de visão foi um erro crasso. Mais tarde ou mais cedo pagam-se esses erros. 

1 comentários:

osátiro disse...

a esquerda à esquerda do PS só tem um nome
EXTREMA ESQUERDA
um espaço só pode ser ocupado por um corpo.......