24/09/12
Tenha vergonha, demita-se!
por
Pedro Viana
Depois de ter sido obrigado a recuar numa medida que disse ser imprescindível. Depois de ter sido humilhado e desautorizado pelo presidente da República, de quem ficou politicamente dependente. Depois de ter ficado claro, mais uma vez, que é um mentiroso, ao afirmar que a descida generalizada da TSU tinha como principal objectivo combater o desemprego, quando se assim fosse poderia ter proposto desde logo que tal descida só seria efectiva para as empresas com criação líquida de emprego (o que talvez apareça hoje na reunião da concertação social, como meio de salvar a face, mantendo assim a descida da TSU apenas para algumas poucas empresas, o que é bem menos oneroso). Depois de ficar a saber que a queda do seu governo é uma questão de meses, assim que se tornar claro que o país continuará a afundar-se no próximo ano (quer o presidente da República quer o aparelho do PSD não vão aceitar ver o PSD continuar a descer nas sondagens, com medo duma hecatombe nas eleições autárquicas - lá se vai uma grande quantidade tachos, essenciais em tempo de crise - e antevendo o mesmo fim do PASOK).
Porque é que então o primeiro-mentiroso continua em funções? Porque não se demite? Porque não revela um mínimo de dignidade?
A resposta é simples: porque ainda tem trabalho para fazer a soldo do Capital. Em particular, ainda há várias empresas públicas muito apetecíveis, porque rentáveis (algumas actuam efectivamente sem concorrência), para vender ao desbarato, a ANA, os CTT, a RTP (neste caso também há o interesse em criar um grupo comunicacional abertamente alinhado à Direita), as Águas de Portugal, a CGD. É que o primeiro-mentiroso sabe que só pode esperar uma reforma dourada num qualquer conglomerado empresarial se terminar aquilo para que foi mandatado. A oligarquia não tolerará a sua desistência.
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2 comentários:
Exactissimamente.
Vergonha? Esse marmanjo sabe lá o que isso é.
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