23/01/13

Compêndio da ganância



Neste relatório, da Agência Europeia do Ambiente, e noticiado no jornal Público, é catalogado de modo detalhado um extenso rol de situações em que a ganância inerente ao sistema de exploração que nos oprime, vulgo Capitalista, resultou em desastres ambientais e para a saúde humana. Muitos dos quais poderiam ter sido evitados caso os primeiros sinais do que aí vinha tivessem levado à implementação do princípio da precaução. Em vez disso, o que se assistiu foi a campanhas de encobrimento, intimidação e propaganda. Está provado. Mas nada mudou. Os mesmos actores e as mesmas técnicas continuam a actuar e a ser utilizadas impunemente. Só mesmo uma mudança radical de sistema sócio-económico, que coloque o bem-estar colectivo como objectivo primeiro e último, definido democraticamente por todos os envolvidos, poderá permitir escapar às novas catástrofes que se avizinham.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não é correcto culpar unicamente o capitalismo. A UE prevê a utilização do princípio de precaução http://en.wikipedia.org/wiki/Precautionary_principle


"Where, following an assessment of available scientific information, there are reasonable grounds for concern for the possibility of adverse effects but scientific uncertainty persists, provisional risk management measures based on a broad cost/benefit analysis whereby priority will be given to human health and the environment, necessary to ensure the chosen high level of protection in the Community and proportionate to this level of protection, may be adopted, pending further scientific information for a more comprehensive risk assessment, without having to wait until the reality and seriousness of those adverse effects become fully apparent"

O que é que faz o Pedro Viana acreditar que o socialismo ou mesmo o capitalismo de estado iria dar origem a uma maior utilização do princípio de precaução? Não nos esqueçamos que a URSS foi um antro de devastação ambiental.

De resto, por mais mutualista que se tornasse a sociedade na ausência de Estados, o "lucro" podia deixar de existir como referência, mas a "eficiência" continuaria a ser uma realidade a afectar o quotidiano, por mais "voluntaristas" que nos tornássemos. Posto isto, vetar a utilização de certas tecnologias (por exemplo, os OGM) teria de ser votado a nível mundial? Não me passa sequer pela cabeça que isso fosse exequível.

Pedro Viana disse...

A UE prevê a utilização do princípio de precaução, mas na prática raramente é posto em prática. Devido, é claro, à pressão exercida pelas empresas responsáveis pelo efeito em causa, cegas pela ganância do lucro imediato. O inferno e a UE estão cheios de boas intenções. Traduzidas em bonitos princípios e palavras, que depois não têm nenhum efeito prático.

Tenho pena que não lhe passe pela cabeça certas coisas que talvez se tornassem possíveis se passassem pela cabeça de mais pessoas.