O povo nos acordou? A perplexidade da esquerda frente às revoltas.
"É preciso tomar muito cuidado para não se deixar levar pelo clima de alarmismo que vem tomando boa parte da militância. Não podemos nos deixar assustar por termos chegado onde chegamos. Seria temer a nós mesmos. Fomos surpreendidos pela capacidade da nossa própria luta e, ao constatar que o processo nos levou a um cenário completamente novo e massivo, que nos escapa ao controle, tentamos nos censurar e assumir uma postura de imobilismo.
Concentremo-nos em nosso potencial e não em nossas fraquezas.
Acabamos de viver uma vitória histórica para os movimentos sociais no Brasil, cujo impacto para nossas lutas ainda não pode ser claramente avaliado.(...)E agora temos diante de nós a chance de avançar ainda mais nas conquistas."
22/06/13
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2 comentários:
de vitória em vitória até as derrotas finais. Já era tempo de se mudar pelo menos o discurso. direita? esquerda?
quem esvaziou a grande vitoria (500 mil?) dos indignados de Lisboa e Madrid? A Grande Direita?!!!
Os movimentos sociais, aparentemente inorgânicos, como o que sacode o Brasil são a expressão de uma situação de injustiça social que é sentida no dia a dia por milhões de cidadãos. Cansados de esperar pela resolução dos problemas, confrontados, todos os dias, com a insensibilidade política e com a dureza da vida, as pessoas reagem e juntam-se com um objectivo comum e uma urgência: combater a injustiça já, melhorar a vida já. Já porque é possível. Já porque a política tem o tempo como uma variável importante: o tempo de vida das pessoas, o tempo em que as pessoas vivem esmagadas pela injustiça. Os faraónicos investimentos nos estádios mostraram a todos que as prioridades do Governo estão invertidas: primeiro a ostentação, a imagem, depois, muito depois, as pessoas. As obras, a festivalização da vida urbana, construída sob os alicerces da desigualdade e da pobreza são paradigmáticos do modelo neoliberal. No Brasil, com o futebol, o ópio do povo, a coisa "tinha tudo para dar certo" e não resultou, o que é notável e dá a dimensão exacta da forma como a injustiça é sentida. São as pessoas que pagam todos os dias com horas de vida os custos de acessibilidade que a sociedade lhes impõe, quem se manifesta. São as pessoas a quem o sistema político recusa o direito à cidade. A esquerda brasileira pode estar perplexa com o que se está a passar. Acho isso natural: a esquerda ainda não aprendeu a lidar com duas variáveis fundamentais para perceber a sociedade e a poder transformar: o espaço e o tempo.
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