Pacheco Pereira escreve (Abrupto, 13.06.2013): "O que está em causa para o governo na greve dos professores é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos sem direitos nem justificações, a aplicar ao sector. É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas família".
Mas se é assim, então, a questão da definição do estatuto do trabalho, do seu papel na determinação da repartição dos rendimentos, da sua regulação e governo, passa a relevar da decisão política, que, para ser democrática, exige a participação em pé de igualdade do conjunto dos interessados. Ou seja, exige a democratização de todos os níveis daquilo a que chamamos "economia", ao mesmo tempo que revela a natureza política da organização de todo o conjunto de actividades que a constituem. E são estas democratização e (re)politização explícitas da economia — afinal desde sempre política — que teremos de assumir se quisermos regular ou governar o trabalho, e o conjunto da esfera económica que o organiza, através da sua inclusão no âmbito do exercício dos direitos e responsabilidades da cidadania comum.
1 comentários:
Justamente, MS. Pereira, a turva e palida lusa democracia economica não mascara uma realidade brutal, assimetrica e gradualmente totalitaria, onde os interessados não tem poder de contestação ou constituem uma marionete nas garras da burocracia politica e sindical? Niet
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