Alguns comentadores (p.ex., Miguel Sousa Tavares na última segunda-feira na SIC) têm argumentado que o rei Juan Carlos de Espanha "foi a votos" ou mesmo "eleito", por causa do referendo de 1978 (em que foi aprovada a atual Constituição espanhola).
Ora, mas o que foi votado em 1978 não foi "monarquia ou república?", mas sim "a) uma monarquia parlamentar, com um estado unitário e autonomias regionais, etc. ou b) qualquer coisa que depois logo se vê" (isto é, se o "não" tivesse ganho a Espanha não se tornaria automaticamente uma república - simplesmente as Cortes franquistas voltariam a elaborar um projeto constitucional que voltaria a ser referendado). Aliás, o "sim" teve o apoio de partidos republicanos (como os Comunistas) e de monárquicos que acham que Juan Carlos não é o rei legítimo (como os Carlistas), e o "não" o de partidos não republicanos como a Fuerza Nueva de Blas Piñar.
Assim, o resultado do referendo não quer dizer que em 1978 os espanhóis optaram pela monarquia em detrimento da república (nem por Juan Carlos em detrimento de outros pretendentes) - apenas que acharam melhor a Constituição de 78 do que ficarem mais uns anos de "transição" a preparar um novo projeto constitucional.
05/06/14
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