Neste clima de incerteza –
que alguns do lado esquerdo da política vêm como cada vez mais próximo do fim
que há muito anunciaram – não deixa de ser interessante perceber que há, pelos
vistos, quem avalie de forma diferente o impacto de uma saída da Grécia do
Euro. Há quem ache que a rotura com a Grécia coloca, economia mundial,
perante o “biggest immediate threat to
the global economy” e que um passo
mal dado pode “ easily return European economies to the kind of perilous situation we saw three to four years ago.”
Será que o pequeno país do
Sul, com o primeiro governo anti-austeridade da União Europeia, consegue
resistir às estruturas pós-democráticas que submetem os diferentes governos europeus
ao seu programa e à sua ideologia neoliberal/neoconservadora? Será que a União
dos Povos da Europa consegue reconstruir-se a partir do berço da democracia? Eu
valorizo os sinais que me dão alguma esperança.
PS - na dita informação que por aí circula omite-se descaradamente o facto de, sem contar com a última tranche do resgate, existir um crédito a favor da Grécia de 3 mil milhões de euros que o BCE ilegitimamente retém.
2 comentários:
Dois efeitos da saída da Grécia, e correspondente caos financeiro e social, não são lembrados:
No Ru, com os Conservadores e os Trabalhistas empatados nas intenções de voto (34/34), empate que não se altera há semanas, o Grexit assustaria de tal maneira o eleitorado que este daria a Vitoria aos Conservadores. O mesmo se passa na Espanha, que tem igualmente eleições em Maio, onde poria fim ao Podemos.
Demasiado bom para ser ignorado pelos defensores da austeridade não acha ?
Não defendo a saída da Grécia, como julgo ter ficado claro no post. Julgo que é na Europa, com os europeus, que temos, apesar de todos os problemas e todas as ameças e agressões, a única hipótese de reconstruirmos a democracia europeia. O Syriza, se outros méritos não tivesse, tem o mérito de ter percebido essa dimensão da permanência na Europa. Concordo consigo no que se refere à situação em Espanha. A estratégia das instituições europeias passa por evitar que se repita em Espanha a mesma situação política da Grécia. A situação ideal para os austeritários parece-me que será arrastar a situação e ir conseguindo duas situações: obter concessões que anulem o programa eleitoral do Syryza e esperar que a tensão social se volte contra o Governo Grego. Parece que o Syriza tem resistido a esta estratégia com algum sucesso. Mas não rsistirá eternamente. Julgo, foi isso que pretendi salientar,que nem todos os trunfos estão do lado dos pró-austeritários. Há níveis de incerteza importantes que lhes impõem alguma prudência. Vejam-se as declarações deste fim de semana, de Draghi, por exemplo. Já agora, este fim de semana o Die Welt noticiava um acordo energético a celebrar entre a Grécia e a Rússia ,com a construção de um gasoduto através da Turquia, e com importantes contrapartidas financeiras para o Governo grego. Os alemães estavam a dar muita importância e esse acordo.
Já agora acho que para o caso inglês esta discussão não aquece nem arrefece, na disputa entre Conservadores e Trabalhistas. São ambos muito pró-austeritários, infelizmente. Terão ambos dúvidas sobre as consequências para a economia do seu país e não lhes agradará a saída da Grécia. O posicionamento que se discute no RU é em relação ao referendo para a saída da UE.
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