Confesso que, quando ouvi que o acordo PS/BE para Lisboa previa manuais escolares gratuitos, o meu primeiro pensamento foi "lá deve ser outra vez aquela ideia quase impraticável de reutilizar manuais escolares"; depois li o pormenores e fiquei contente quando conclui que afinal não parece ser isso (ao que me parece, é as pessoas comprarem os manuais e depois a Câmara reembolsá-las).
Entretanto, hoje, no 31 da Armada, Rodrigo Moita de Deus reclama que "[e]m vez de aplicar medidas que obriguem a reutilização dos manuais escolares o Bloco de Esquerda achou que era mais fácil e mais popular contribuir para os resultados líquidos da Porto Editora".
O problema com a reutilização dos manuais escolares não é só o que é classicamente referido, de os livros terem espaços para escrever (diga-se que a solução normalmente proposta para isso - haver livros de exercícios à parte - pouco resolveria: afinal, os pais e mães dos alunos teriam que continuar a todos os anos comprar os livros de exercicios), é mais profundo: grande parte dos alunos gosta de sublinhar o que acham os pontos principais, escrever notas de rodapé, etc - é largamente esse o método de estudo de muita gente (nota pessoal: quando, no 4º ano da faculdade, emprestei o meu livro de Economia Monetária a uma colega do 3º ano, ela ficou espantadíssima por eu não ter quase apontamentos nenhuns no livro e até me perguntou como eu tinha estudado por ele).
Além disso temos também o stress psicológico que representa os alunos saberem que um pequeno dano que causem ao livro (que em circunstâncias normais pouco afetaria a sua funcionalidade) pode significar que os pais tenham que o pagar (e, talvez mais importante na sua perspetiva, apanharem uma enorme descompustura em casa) - aliás, uma amiga minha que o filho tem Ação Social Escolar contou que, mesmo tendo direito a livros grátis, ela preferiu pagar por eles porque, se fossem adquiridos via ASE, qualquer risquinho ou estrago que filho fizesse num livro significava que ela o teria à mesma que o pagar (suponho que na escola em questão vigore o tal sistema de reutilização para os livros adquiridos pela ASE).
03/11/17
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