24/08/10

O povo está surpreso

Eram várias as possibilidades. Irreais (Carvalho da Silva), inteligentes (António Filipe), mais ou menos inteligentes (Barata-Moura), quase joviais (Bernardino Soares), repetidas (Jerónimo ou Carvalhas), sindicais (Mário Nogueira), ou no feminino (Ilda Figueiredo). Saiu a hipótese do Luís Rainha. Nunca pensei que o PCP desistisse tão cedo.

23 comentários:

jpm disse...

Porquê mais ou menos inteligente, a do JBM?

Miguel Cardina disse...

Porque talvez tivesse uma prestação demasiado boa.

jpm disse...

Esta decisão, no actual panorama, é capaz de ser das mais incompreensíveis a que alguma vez assisti.

Anónimo disse...

O pessoal aqui do Vias é que se podia candidatar, era uma passo de inteligencia

A não ser que não tenham mais de 35 anos e a escolaridade obrigatória

Luis Rainha disse...

É um prémio e uma aposta no carreirismo acomodado. Enfim; já desistiram de sequer desafiar ao voto quem simpatiza com o partido (ou com os seus ideais de sempre).

rafael disse...

Carreirismo acomodado para falar do Xico Lopes parece-me de uma estupidez monumental...

jpm disse...

Confesso que nem sequer percebo. Dar visibilidade a um quadro, é só isso? Dar-lhe notoriedade pública? Com os outros dois candidatos a ameaçarem ter uma votação miserável, o PCP faz o favor de lhes dar um candidato que é capaz de os suplantar nesse campeonato.

Luis Rainha disse...

Não é esse o "Xico Lopes" que foi responsável pela JCP? Não há engano.

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Miguel (C):

há um breve post de 2004 do nosso leal camarada Luis Rainha cuja actualidade sai reforçada à luz da escolha que comentas.
Aqui vai o link: http://bde.weblog.com.pt/arquivo/043747.html
e um ou dois excertos:

"O PCP não vai morrer por teimosa fidelidade a ideais que já há muito pedem revisão profunda. Não falecerá por medo de se transformar numa coisa outra que mete o medo do desconhecido. Não é o idealismo nem sequer a saudade que tolhe qualquer ímpeto de mudança. (…) Não. Trata-se apenas de vontade de poder. De uma clique minúscula, entrincheirada nas caves da Soeiro Pereira Gomes, que não imagina um mundo onde não possua aquele pequenino poder de indicar gente para o Comité Central, de decidir quem é ou não 'de confiança'. (…) sei de militantes anónimos que aguardam há anos que lhes indiquem o organismo onde poderão exercer a obrigatória "militância", apenas porque anda no ar a suspeita de não serem "de confiança". E pouco importa que os votantes do partido procurem outros amanhãs cantantes; enquanto houver militantes, enquanto houver património e Festa para gerir, eles vão continuar, resistentes e sempre 'firmes'", "gente [que] prefere por certo mandar em quase nada do que nada mandar".

Abraço para ti

miguel sp

Anónimo disse...

CLIQUE É A TUA TIA, PÁ !

Por uma vez, acho que à distância de 6 anos tem toda a razão o Rainha
e notável sentido de oportunidade o apoio que Miguel Serras Pereira vem dar a um texto onde os dirigentes do PCP são qualificados como «clique» e como obcecados pelo poder de «mandar».

É certo que, durante quase 3 décadas, nunca senti essse espectacular afrodísiaco do «mandar», senti sim foi o peso das responsabilidades, o elevado número de horas trabalhadas por dia, as muitas noites e fins-de semanas ocupados fora da Soeiro P. Gomes, os filhos a serem prejudicados, as noitadas de escrita em contra-relógio. o «stress» devastador das camapnhas e noites eleitorais, and so on, so on, so on...

Mas agora, mesmo quando me lembro que, com 42 anos de descontos, tenho uma reforma de 686 euros (nenhuma admiração nem injustiça, eu sempre soube que o PCP não era uma empresa nem sítio para subir na vida), ao ler o MSP tenho de confessar que há um «reconforto» que me inunda a alma: não faz mal, parece que fiz parte de uma «clique» e pelo deslumbrante gosto de «mandar», coisas que, só por si, enchem a vida de uma pessoa.
E, já agora, nunca pensaram em tomar chá de tília ou em ir dar uma volta ao bilhar grande ? Era capaz de lhes fazer bem.

Miguel Serras Pereira disse...

Lido o texto do Vítor Dias, dou por mim a pensar que ainda há no interior do PCP gente que fica indisposta com a designação de Francisco Lopes como candidato presidencial - que mais não seja por amor à camisola e ao ver que se torna cada vez mais difícil defender a democraticidade - ou sequer a inteligência - da escolha dos seus novos padrões.

msp

Anónimo disse...

Os leitores que conseguirem
descobrir, com um módico de honestidade intelectual, em que é que o meu comentário autoriza a dedução que Miguel Serras Pereira faz podem ir ao Departamento de Jogos da Santa Casa levantar as respectivas alvíssaras.

Joana Lopes disse...

Sabem quem vai ganhar uns votozitos com esta escolha do PCP? O Garcia Pereira, se se candidatar.
Não estou a gozar: mais do que um eleitor PS, que recusa votar Alegre à primeira volta, «esperava» votar PCP e decidiu esta noite votar GP...
As voltas que o mundo dá :-)

Horácio Neves disse...

O PCP não fez, de facto, a escolha mais acertada!Não é uma figura empática no eleitorado. Ao eterno problema de dicção nos protagonistas do pcp fazem com que a captura de novos votos seja facilmente comprometida. De resto, um intelectual nuncapoderia ser, pois o que caracteriza este PCP é sim uma assumida "desintelectualização" nos seus quadros "de confiança". E para o lugar de PR seria, de facto, mais sensato o formidável Honório Novo, Rui Sá, António Felipe ou o incansável Agostinho Lopes, este com uma figura mais simpática para o mundo rurale para o Norte, locais onde o PCP têm perdido muitos votos. Enfim falar em 5% fará de mim um péssimo comunista, mas também um sensato realista!

Miguel Serras Pereira disse...

Olhe, Vítor Dias, quer falar a sério?
O que importa no texto do Luis Rainha, que eu trouxe à colação, é mostrar como a lógica objectiva de funcionamento da "clique" - apesar das boas intenções e bons propósitos dos militantes do PCP que persistam em ver no Partido um agente da democracia real do "ideal comunista" - tem por horizonte, na hipótese da "conquista do poder" pelo Partido, uma dominação de classe do mesmo género, fazendo com que a farsa (pseudo-revolucionária) abrisse passagem à tragédia (contra-revolucionária).
Pense no assunto. Nunca é tarde: demonstra-o o exemplo de vários dos seus ex-companheiros de militância, que, querendo continuar fiéis ao "ideal comunista", não tiveram alternativa que não fosse romper com o PCP. Mas quanto mais cedo melhor. Tanto para si como para todos (exceptuados os actuais oligarcas ou os candidatos a esse lugar).

msp

msp

Miguel Serras Pereira disse...

Li com a atenção de sempre o comentário da Joana. Mas pergunto(-me) se haverá alguma boa razão democrática, não meramente supersticiosa, para esses cidadãos votarem no acólito do Grande Mandarim Vermelhíssimo e apologista impenitente do Super-Pai dos Povos Estaline (é perguntar-lhe, se duvidam) em vez de recorrerem, por exemplo, ao voto em branco?

msp

Joana Lopes disse...

Miguel,

Art nº126 da Constituição: «1. Será eleito Presidente da República o candidato que obtiver mais de metade dos votos validamente expressos não se considerando como tal os votos em branco.» Ou seja, nas presidenciais, votar em branco = ficar em casa (embora haja muita gente que pense o contrário).

Votar em qualquer candidato «de esquerda» (sem entrar aqui na discussão do conceito…) é tentar evitar que Cavaco seja eleito à 1ª volta.

Mais logo, até sou capaz de pôr isto num post porque anda para aí muita confusão.

Abraço

Miguel Serras Pereira disse...

Joana, eu sei. Venha o post, que não deixarei de ler, assim que o publiques. Et pourtant…
Salvo mudança significativa das condições ambientes, votarei em branco. Não te dou novidade se te disser que dou à promoção da cidadania, de uma acção instituinte dos cidadãos enquanto tais ou agentes primeiros do que possa vir a ser um poder político democrático, uma prioridade inegociável. Mas é a inconsequência - para não dizer pior - de Manuel Alegre e o modo como NÃO honra o movimento que se criou em torno da sua figura que excluem que venha a apoiá-lo.
A política do mal menor - que acaba por ser demasiadas vezes a sua defesa - envenena o juízo político e tem efeitos devastadores. Considera, por exemplo, o que se passa com as tomadas de posição sobre a ditadura iraniana ou a "resistência islâmica": a colusão paradoxal dos que vêem o mal menor no imperialismo ocidental e na política do Estado de Israel e dos que vêem nos aiatolas, ditadores religiosos ou muçulmanos piedosos do Hamas "combatentes anti-imperialistas contribui bastante para recalcar qualquer alternativa razoável - e o mesmo se poderia dizer da colusão entre os que renunciam a lutar contra o capitalismo em nome dos horrores do ex-socialismo real ou das espécies sobreviventes do mesmo e os que defendem qualquer ditadura manifestamente oligárquica, liberticida e anti-igualitária, contanto que esta se oponha aos regimes de tipo ocidental.
Enfim, como já te respondi uma vez nas páginas deste mesmo blogue:
"O desafio é conseguirmos praticar formas de (auto-)organização política (…) que não nos obriguem a calar ou a aprovar o que não aprovamos e contestamos, mas que antes promovam que falemos nesses casos, a bem da organização e dos seus propósitos, em defesa da transformação radicalmente democrática das instituições e da nossa relação com elas que a organização deverá actualizar a cada momento. Assim, no caso de termos razões que nos levam a optar pelo voto, em certas circunstâncias, num "mal menor", não devemos, acima de tudo, apresentá-lo como um "bem maior", a pretexto da necessidade de reforçarmos as suas probabilidades de triunfo sobre o mal maior. É exactamente o contrário que me parece certo e justificado. De outro modo, o "bem maior" que queremos será reduzido a uma espécie de "suplemento de alma", de "ornamento ideal" que a nada obriga e que não é para levar demasiado a sério, pois que nós próprios o estaremos a declarar incompatível com as exigências da acção organizada. Estaremos a declarar a inviabilidade política da democracia". (http://viasfacto.blogspot.com/2010/05/cara-camarada-joana-caras-ou-menos.html)

msp

Joana Lopes disse...

Miguel,

Tudo bem, eu só te queria poupar o esforço de ires votar em branco, porque, ao contrário de outras eleições, nas presidenciais, o único efeito do teu acto será a diminuição da abstenção. E, se Cavaco for eleito à 1ª, EU PREFIRO que a abstenção seja a maior possível! Feitios :-)

Joana Lopes disse...

Miguel, Já pus o post no Brumas. Não é um esclarecimento para ti, porque estás informado, embora haja certamente uma «discordância» contigo no último parágrafo.

Neste caso, estou certa que até o Vítor Dias concorda comigo…

Miguel Serras Pereira disse...

E eu, Joana, já te respondi no Brumas. Aqui, limito-me a dizer que não é grande recomendação a putativa aprovação do Vítor Dias de que te reclamas (e quem diz Vítor Dias, podia dizer Jorge Monteiro ou Glória Goulart, além de outros nomes que me escapam).
Sans rancune - e obrigado pelo aviso

msp

Joana Lopes disse...

Também já te respondi no Brumas, Miguel.

A minha referência ao V. Dias significa apenas que não escrevi nada de extraordinário, mas algo que ouvi ontem ao próprio J. de Sousa, por outras palavras: à primeira volta vote-se à esquerda, depois logo se verá.

Miguel Serras Pereira disse...

Joana, aqui e na caixa de comentários do post do Brumas, dificilmente iremos mais longe. Talvez se alguém mais quiser dizer de sua justiça a este respeito, valha a pena continuar a discussão. Para já, creio que nos resta ficar cada um de nós na sua.
Até mais ver e abrç

miguel sp