Decididamente, o porta-voz do islamo-trotskismo radical e promotor de todas as frentes únicas contra o "socialismo democrático", que nos habituámos a ouvir via 5dias, parece estar a sofrer influências ideológicas deletérias e a moderar inquietantemente as suas paradas políticas.
Ei-lo que lê estas linhas: "O regime de Teerão revelou hoje com pompa o protótipo de um avião não pilotado de longo alcance, construído com tecnologia exclusivamente iraniana, que visa responder 'aos agressores'", e que, analisando-as, escreve por seu turno: "Washington e Tel Aviv devem estar com diferentes estados de espírito depois de ler esta notícia. O Líbano, esse, vai passar a dormir mais descansado".
É o que se pode chamar - vinde de onde vem - um apoio tíbio, preludiando talvez não se sabe que punhalada pelas costas, ao regime iraniano. Sem uma palavra sobre as oportunidades assim abertas à eclosão de uma Terceira Guerra Mundial que abra um novo período histórico, o porta-voz limita depois - escandalosamente - ao Líbano os vaticínios de soninho descansado que associa à nova arma, obliterando a sua natureza e potência internacionalistas - ou seja, a promessa que veicula de repouso eterno, ou purga revolucionária, a uma escala verdadeiramente global e sem fronteiras. E a cereja em cima do bolo: no momento presente, quando a campanha inimiga que se sabe atinge o seu auge, nem uma palavra também sobre as manobras dos agentes e organizações pró-imperialistas que têm vindo a protestar - invocando a sharia e as práticas tradicionais da lapidação que são outras tantas expressões dos objectivos internacionalistas de salvaguarda das "independências nacionais"- contra a incansável resistência do regime iraniano no plano judicial ao seu reformismo e pseudo-liberdade de costumes.
Não, assim não vamos lá, camarada. Não há piedoso militante da resistência islâmica que possa calar a sua indignação muçulmana perante tantas cedências - enquanto lhe resta a esperança numa intervenção justiceira do Carlos Vidal que ponha os pontos nos ii e aponte aos espíritos sinceramente religiosos de todo o mundo a via da violência divina, cujo esplendor o seu até aqui companheiro de armas, qual anjo caído, parece ter deixado de saber anunciar.
23/08/10
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Ele há palas que dificilmente se abrem e as do RT e do CV têm um ângulo cada vez mais fechado...
MSP:
Deixe-me perguntar-lhe o seguinte - é a favor de uma invasão do Irão pela coligação israel/americana para depor o odioso regime iraniano? Se não é, porque é que acha que o Irão não pode ter meios para de defender. Posso estar enganado mas uma posição anula a outra.
Eu clarifico a minha, considero o regime iraniano algo de odioso, para viver,e por questões de aproximação cultural, preferia mil vezes Israel ou os EUA, no entanto acho que, mesmo o regime iraniano, tem todo o direito a ter meios para se defender, pessoalmente até me regozijo com isso, pois também considero que o que falta à região é equilíbrio de poderes (tipo guerra fria). Cordialmente, RG
RG,
não, não sou a favor de uma invasão do Irão e creio que as ameaças de acções preventivas brandidas pelo governo de Israel põem em risco a paz a nível mundial.
Dito isto, considero que o governo iraniano não é protecção para ninguém (não o é nomeadamente para o seu próprio povo) nem garante de equilíbrios que tornem mais remotas as perspectivas de conflito militar. O aumento do poderio militar do regime iraniano é uma ameaça grave, tanto no plano regional como global.
O reforço das oposições laicas nos Estados étnico-religiosamente definidos tanto em Israel como no Irão e outros países da região parece ser a única saída realista. O que é bastante desanimador porque, embora por razões e de modos diferentes, estamos a falar de uma via activamente combatida pelo grosso dos responsáveis dos campos em confronto, e também de uma via que a Europa e os Estados Unidos têm sabotado.
Seja como for, apostar na capacidade militar do Irão como meio de contra-balançar o poder de Israel seria um erro tão grave como os de que, a certa altura, apostaram no armamento da Alemanha nazi para contra-balançar os recursos do Império Britânico. Para já não falarmos do agravamento das condições resultante de qualquer consolidação "internacional" do regime.
Cordiais saudações democráticas
msp
MS Pereira: A Rússia tenta controlar os fabulosos recursos petrolíferos - prospecção e sobretudo refinagem- do Irão. Tudo nas barbas dos EUA e da EU...O que quer dizer, como bem sabes, que as hipótese da administração Obama bombardear as centrais atómicas parecem diminutas. A não ser que Obama comece a perder mais novos poderes nas eleições estaduais próximas. Mas mesmo assim,Gary Hart- no Huffingpost Blogue- lança cruel aviso sobre os terríveis efeitos de um ataque yankee contra o Irão, que pode não poupar Israel a defender-se...Niet
Enviar um comentário