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Senti compaixão por Carlos Lage ao vê-lo com seu gorro cobrindo o rosto, com seu passo apertado para que não o reparassem. Tive o impulso de chamá-lo para dizer que ao expulsá-lo lhe evitaram o escárnio futuro e o haviam convertido em homem livre. Porém passou tão de pressa ao meu lado, o asfalto irradiava tanto calor e aquela mulher o olhava com tanto escárnio, que só pensei em cruzar a calçada. Deixei o defenestrado em sua solidão, mesmo que, creiam-me, ter tido vontade de me aproximar e sussurrar-lhe que não ficasse triste: ao despedi-lo na realidade o salvaram.
(publicado também aqui)
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