26/10/10

Mais um tiro de alerta roubado ao Manuel António Pina: No centro do alvo (2)

"Mas temo, sobretudo, o que pode significar o facto de um caso destes já não ser hoje notícia entre nós" - assim conclui esta crónica de Manuel António Pina — este seu novo tiro de alerta disparado contra o medo e, como o ontem aqui roubado pelo camarada João Tunes, acertando no centro do alvo.

"Militantes da JCP viram, mais uma vez, ser impedida a pintura de um mural junto à Rotunda das Olaias, em Lisboa, tendo sido identificadas duas pessoas e apreendido o material usado (...).
A pintura mural (...) já tinha sido impedida dois dias antes chegando os agentes da PSP a deterem e insultarem os jovens comunistas, obrigando-os a despir-se e retendo-os durante várias horas na esquadra".
A notícia vem no "Avante!" e em numerosos blogues (alguns particularizam que eram quatro raparigas e um rapaz) e, a confirmar-se, não é surpreendente para quem conheça o que se passa hoje em certas esquadras da PSP e relatórios internacionais regularmente vêm denunciando.
Como não surpreende que a notícia tenha singularmente "escapado" à generalidade da imprensa e das TV, mesmo àquelas que fazem dos "faits-divers" o pão nosso noticioso de cada dia e que nem aquele afrontoso "obrigando-os a despir-se" parece ter sido capaz de interessar.
Gostaria de estar certo, eu que sou um ingénuo, que o comportamento a vários títulos abusivo da PSP (a pintura de murais em locais públicos é um direito reconhecido por lei e um parecer do Tribunal Constitucional condena impedimentos ao seu exercício) e o silêncio dos media não se deve ao facto de os cinco jovens serem militantes de uma organização comunista.
Mas temo, sobretudo, o que pode significar o facto de um caso destes já não ser hoje notícia entre nós.

3 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

ontem 6 membros duma juventude qualquer após grafitarem espaços públicos e privados

incendiaram dois papelões plasticões para promoverem a reciclagem mais rápida e insultaram e agrediram a polícia

os polícias eram só dois e só não foram desarmados porque fugiram

levaram com umas latadas pelas costas

duvido que se tenham queixado, pois também não apareceu em nenhum jornal

quando os polícias excederem os grafittististas no próximo domingo ou segunda vingam-se

é humano

a menos que a TVI vá ver algumas das nódoas negras do espancamento
também ninguém saberá de nada

Esteves disse...

então e o João Tunes já não fala disto? imagino se fosse com a Yoani Sanchez.

Miguel Serras Pereira disse...

الرجل ذبح بعضهم البعض ولكن الخيول باهظة الثمن

o seu comentário situa-se insondavelmente abaixo do limiar da crítica. Não vale a pena perder tempo. Pode crer.

Esteves,

o Manuel António Pina e o meu amigo João Tunes evitam, e eu tento imitá-los, a imbecilidade intelectual e política - para não falarmos já da moral - de desculpar ou relativizar as violações dos direitos de cidadania e das liberdades fundamentais praticados nas esquadras portuguesas invocando os métodos do regime castrista, ou de justificar a ditadura castrista invocando os abusos, agressões e torturas que continuam a ser exercidos pelas forças de segurança lusas.
Será assim tão difícil de compreender?

msp