21/09/11

Corredores da morte, patíbulos, números…

O adiamento da execução de Troy Davis não pode fazer-nos esquecer os factos disponíveis sobre a pena de morte e a sua aplicação nos Estados Unidos. E também noutras paragens. Pois, antes de continuar, recorde-se que, no Irão,  o regime islâmico — dito por antífrase "república", do mesmo modo que os EUA se dizem por antífrase governados pela "constituição da liberdade" —, acaba de oferecer em espectáculo pedagógico aos seus súbditos o enforcamento na praça pública, mais um, de um jovem de 17 anos. Mas aqui ficam alguns números que dispensam comentários:

(…) Estados Unidos es junto a Arabia Saudí, China, Irán y Yemen uno de los países que más personas somete a la máxima pena cada año (en el mundo se ejecutaron legalmente el año pasado 527 personas, según Amnistía Internacional, aunque los datos sobre China son esquivos y podrían superar a los miles).

Cada cierto tiempo, un caso aviva el debate -más fuera de Estados Unidos que dentro, desgraciadamente- sobre un método cruel, inhumano y atávico que sigue vigente en 36 Estados de la Unión y ya ha sido abolido en 14. El último en sumarse a esta tendencia fue Illinois el pasado mes de marzo. En esta ocasión, se trata de Troy Davis, cuyos abogados consideran que su juicio estuvo plagado de defectos de forma e incluso siete testigos se han retractado de lo que declararon en su momento y ya no apuntan su dedo acusador hacia el condenado en 1991 por el asesinato de un policía.

Números hay muchos cuando se habla de pena de muerte en el país más poderoso de la Tierra. Números como que solo en el Estado de Texas se han matado legalmente a 474 personas desde que la pena capital fue reinstaurada por el Tribunal Supremo de EE UU en 1976 tras dos años de moratoria. A Texas le sigue Virginia con 109 y Oklahoma con 96.

Números como el que dice que un 42% de las personas que esperan su turno en el corredor de la muerte son negras (a pesar de que solo suponen un 12% del total de la población del país); un 44% son blancos; un 12% son hispanos y un 2% pertenecen a otras razas. El Estado que mayor número de presos tiene encerrados esperando la muerte es California (607).

Más del 75% de las víctimas de asesinato cuyo caso acaba en una sentencia a muerte eran blancas, a pesar de que solo el 50% de los asesinados son de esa raza
.


La mort des loups


DEUX CONDAMNÉS À MORT ONT ÉTÉ EXÉCUTÉS
UN MATIN À CINQ HEURES IL N'Y A PAS TRÈS
LONGTEMPS. LES PRÉSIDENTS, MÊME NIXON,
NE SE SONT PAS DÉRANGÉS POUR ASSISTER
À CETTE FORMALITÉ

LE DEUXIÈME PRÉSIDENT DE LA CINQUIÈME
RÉPUBLIQUE EST MORT LE 2 AVRIL 1974.
LES PRÉSIDENTS, MÊME NIXON, SE SONT
DÉRANGÉS POUR ASSISTER À CETTE CÉRÉMONIE

- LAISSEZ OUVERT... J'ARRIVE!
- DE FAIT, IL ARRIVA

Les villes sont debout la nuit dans les maisons de l'amour fou
Des appareils marchent tout seuls branchés sur des soleils de volts
Des enfants jouent à l'amour mort dans des ascenseurs accrochés
À d'autres cieux à d'autres vies là-bas sur les trottoirs glacés
Des assassins prennent le temps de mesurer leur vie comptée
Perchés comme des oiseaux de nuit sur leur arme qu'ils vont tirer
Comme on tire une carte alors qu'on sait qu'on est toujours perdant
Dans le matin les coups de feu s'agitent comme des menottes

Les loups les loups

On ne les voit jamais que lorsqu'on les a pris
Alors on voit leurs yeux comme des revolvers
Qui se seraient éteints dans le fond de leurs yeux
Alors on n'a plus peur de ces loups enchaînés
Et on les fait tourner dans des cages inventées
Pour faire tourner les loups devant la société
Des loups endimanchés des loups bien habillés
Des loups qui sont dehors pour enfermer les loups

Je les aime ces loups qui nous tendent leur vie

Les routes sont des chiffres bleus dans la tentation du printemps
Du deux cent vingt à la Centrale À deux cent vingt vers l'hôpital
Des drogués sortent dans la cour faire cent pas avec le vent
Et la Marie dans les poumons ils se vendent pour trois dollars
Des grues qui font le pied de nez aux maisons blêmes mal chaussées
Des magazines cousus de noir ressemblent aux linges de la mort
Les cathédrales de la nuit ont des Cafés au fond des cours
On a flingué deux anges blonds dans un Café de Clignancourt

Les loups les loups

C'est eux toujours les loups qui dérangent la nuit
Qui la font se lever dans le froid du métal
C'est eux qu'on chasse alors qu'il ne tiendrait à rien
À peine un peu d'amour sans le Bien ni le Mal
Mais on les fait dormir au bout d'un téléphone
Qu'on ne décroche pas pour arrêter la mort
Qui vient les visiter la cigarette aux lèvres
Et le rhum à la main tellement elle est bonne

Je les aime ces loups qui nous tendent la patte

On oublie tout et les baisers tombent comme des feuilles mortes
Les amants passent comme l'or dans la mémoire des westerns
Les images s'effacent tôt dans le journal que l'on t'apporte
Et les nouvelles te font mal jusqu'à la page des spectacles
À la Une de ce matin il y a deux loups sans queue ni tête
Ils sont partis dans un panier quelque part dans un pays doux
Où la musique du silence inquiète les hommes et les bêtes
Ce pays d'où l'on ne revient que dans la mémoire des loups

Les loups les loups

Lorsque j'étais enfant j'avais un loup jouet
Un petit loup peluche qui dormait dans mes bras
Et qui me réveillait le matin vers cinq heures
Chaque matin à l'heure où l'on tuait des loups

Je les aime ces loups qui m'ont rendu mon loup






Léo Ferré (1975)

8 comentários:

Anónimo disse...

O " caso Troy Davis "- que se arrasta há mais de 20 anos- está a mobilizar milhares de americanos através dos USA, que lutam e defendem os Direitos Humanos. Robert Badinter, o célebre advogado francês que aboliu a pena de morte em França, diz que T. Davis está inocente, pois as provas de acusação são nulas e improváveis. De qualquer modo, um telegrama das 22 horas de hoje da AFP sinalizava uma situação de impasse, pois os advogados de T. Davis aguardavam a decisão da Cour Suprema da Geórgia face ao pedido de novo adiamento/cancelamento da execução letal do célebre prisioneiro dos Direitos Humanos norte-americano. Niet

Paulo Marques disse...

O mais assustador aconteceu no primeiro debate para as primárias republicanas. Quando Rick Perry afirmou que o seu estado condenava o maior número de pessoas à pena de morte ouviram-se muitos aplausos vindos dos espectadores...

xatoo disse...

o tribunal rejeitou o pedido de clemência; a "justiça" burguesa (para os tansos que se predispõem a acreditar que não é uma justiça de classe) não pode dar a aparência aos infractores que falha, especialmente na "maior democracia do mundo" (cof,cof)...
Caso encerrado, MSP doravante bem que pode começar a redigir posts sobre os direitos humanos na Libia cujo tribunal de excepção é a NATO e as sentenças são despejadas equitativamente no terreno por bombas (!)...
o "camarada" que apoiou tão convicta e "democraticamente" a intervenção militar tem pelo menos, para já, 25.000 mortos a quem escrever o epitáfio
vá-se catando...

Miguel Serras Pereira disse...

Aos leitores do comentário do xatoo,

1. Quem aventa a hipótese de o sistema judicial norte-americano não funcionar com os traços da dominação de classe é o xatoo. O meu post indica o contrário.
2. Releia-se o que escrevi sobre a Líbia - antes da intervenção. O que reclamei foi que um movimento democrático europeu consistente e consequente teria de exigir dos seus governos, nas mãos de ex-aliados e/ou sócios empresariais de Gadafi, o polícia de Berlusconi, que impedissem o massacre dos manifestantes e insurrectos. Aliás, escrevi e mantenho que não se ter desenhado esse cenário, de uma intervenção autónoma da UE (sem a NATO), era revelador da inexistência política da Europa, por um lado, e da debilidade da opinião e movimentos democráticos no seu interior. À falta de melhor, sustentei que as Nações Unidas deveriam intervir - sem confiar o comando das operações à NATO - para evitar o pior, armando a resistência contra Gadafi, assegurando o objectivo limitado de uma zona de exclusão aérea, fornecendo meios logísticos e assessoria militar e reconhecendo como governo da Líbia um conselho provisório. Como todos sabemos e já denunciei várias vezes, a intervenção excedeu largamente os critérios enunciados pelas Nações Unidas. O que não prova, em meu entender, que a alternativa fosse, sob pretexto de não tomar partido frente a uma questão interna líbia, deixar a Gadafi e aos seus mercenários liberdade para massacrar os seus súbditos.
3. O post do João Bernardo (http://viasfacto.blogspot.com/2011/09/o-fascismo-e-kadafi-um-contributo-do.html) sobre o fascismo e Kadafi aqui publicado há dias dispensa-me de continuar. Mas sobre as perspectivas pouco animadoras do que se passa na Líbia, leia-se também o artigo de Samir Amin no Passa Palavra (http://passapalavra.info/?p=46204)

Saudações democráticas

msp

Anónimo disse...

Há umas páginas soberanas de Negri e Hardt- no "Multitude" -sobre a crise de representação democrática extrema- extrema, repito- que fere a gestão politica e institucional das Nações Unidas( ONU). " (...), o déficite democrático que identificámos ao nivel nacional é reproduzido igualmente, da mesma forma, no quadro da Assembleia Geral.( ...) e o Conselho de Segurança não possui nenhuma pretensão representativa, na medida em que, para lá dos membros dos países eleitos,,éstá composto por cinco membros permanentes que dispõem de um direito de veto sobre as resoluções do Conselho( China,USA, Rússia, França e inglaterra), o Conselho de Segurança pode assim reduzir a cinzas a representatividade( muito limitada) da Assembleia Geral ".
Por outro lado, o MSP avança com as posições alarmistas de Samir Amin sobre o "après-Kadaphi". Como tenho referido ao longo dos tempos, Chomski, David Gibbs, Glenn Schon, Bob Chapman, mesmo Robert Fisk e T.G. Arsh têm assinalado e avisado para a dificuldade de construir uma democracia depois da guerra civil e mortífera. E existem imensos estudos e testemunhos teóricos sobre as consequências da intervenção armada na Líbia por parte da Nato, do Qatar e E.A Unidos, entre outros. E, justamente, o que se perfila são novas e subtis " ingerências " politico-militares dos EUA- disseminadas e com a "colaboração " dos seus aliados regionais- para tentarem inflectir o carácter democrático das sucessivas sublevações árabes, em especial as do Egipto e Tunísia, placas estratégicamente muito importantes para o " controlo" poliico-militar na zona, em relação quer ao Magrebe, quer às monarquias do Golfo... A esse respeito, corre na Net mais activa e interventora a divulgação de um grande testemunho de Gene Sharp, prof. da Uni. de Massachusets e Harvard, sobre o processo de eclosão da agitação democrática através do Globo- Europa de Leste e Médio Oriente- " Da ditadura à Democracia ", onde se expõem as diferenças entre a pureza revolucionária dos anónimos sublevados da Tunisia e Egipto e as cibernéticas manipulações alimentadas a milhões de dólares pela Freedom House...Niet

Anónimo disse...

Há umas páginas soberanas de Negri e Hardt- no "Multitude" -sobre a crise de representação democrática extrema- extrema, repito- que fere a gestão politica e institucional das Nações Unidas( ONU). " (...), o déficite democrático que identificámos ao nivel nacional é reproduzido igualmente, da mesma forma, no quadro da Assembleia Geral.( ...) e o Conselho de Segurança não possui nenhuma pretensão representativa, na medida em que, para lá dos membros dos países eleitos,,éstá composto por cinco membros permanentes que dispõem de um direito de veto sobre as resoluções do Conselho( China,USA, Rússia, França e inglaterra), o Conselho de Segurança pode assim reduzir a cinzas a representatividade( muito limitada) da Assembleia Geral ".
Por outro lado, o MSP avança com as posições alarmistas de Samir Amin sobre o "après-Kadaphi". Como tenho referido ao longo dos tempos, Chomski, David Gibbs, Glenn Schon, Bob Chapman, mesmo Robert Fisk e T.G. Arsh têm assinalado e avisado para a dificuldade de construir uma democracia depois da guerra civil e mortífera. E existem imensos estudos e testemunhos teóricos sobre as consequências da intervenção armada na Líbia por parte da Nato, do Qatar e E.A Unidos, entre outros. E, justamente, o que se perfila são novas e subtis " ingerências " politico-militares dos EUA- disseminadas e com a "colaboração " dos seus aliados regionais- para tentarem inflectir o carácter democrático das sucessivas sublevações árabes, em especial as do Egipto e Tunísia, placas estratégicamente muito importantes para o " controlo" poliico-militar na zona, em relação quer ao Magrebe, quer às monarquias do Golfo... A esse respeito, corre na Net mais activa e interventora a divulgação de um grande testemunho de Gene Sharp, prof. da Uni. de Massachusets e Harvard, sobre o processo de eclosão da agitação democrática através do Globo- Europa de Leste e Médio Oriente- " Da ditadura à Democracia ", onde se expõem as diferenças entre a pureza revolucionária dos anónimos sublevados da Tunisia e Egipto e as cibernéticas manipulações alimentadas a milhões de dólares pela Freedom House...Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Tudo bem, informadíssimo Niet.
Tout cela n'empêche pas, Nicolas, qu'avec Kadhafi les ingérences on les avait déjà.

Salut

msp

Niet disse...

Caro MS Pereira- Aproveitando a tua " deixa, como sabes muito bem- tens feito um trabalho titânico- não vale a pena andar na Net- por bem e a modos de tentar libertar as pessoas- se as pessoas não se aplicarem a ler/recolher/analisar Informação. Li um dias destes na " Natureza do Mal" um texto divino do Luís Januário sobre Literatura como os do António Guerreiro são exemplares; e pensei, para os meus botões, ora aqui está uma " pepita de ouro " no éter que muito brilho- a qualidade é excepcional: esforço, minúcia e génio -faria na Imprensa escrita, certamente. Salut! Niet