07/03/12

Da "cultura do esforço dos chineses que trabalham em Espanha"

Temos de imitar a cultura do esforço e o modelo de flexibilidade laboral que as "lojas chinesas" ilustram na Europa — não há dia em que não ouçamos esta tese proclamada pela boca de um "criador de riqueza" ou de um dos seus capatazes políticos de serviço. Eis um exemplo mais — e exemplarmente inequívoco — da versão dominante do chamado, por antonomásia, "projecto europeu".  

El presidente de Mercadona, Juan Roig, subraya la necesidad de tomar medidas para aumentar la productividad, aunque sean "impopulares" y "molestas".

La cadena de supermercados Mercadona obtuvo el año pasado un beneficio neto de 474 millones de euros, lo que supone un incremento del 19% respecto a 2010, ejercicio en el que ganó 398 millones, ha anunciado hoy su presidente, Juan Roig. Durante la presentación de los resultados correspondientes al ejercicio 2011, Roig ha avanzado que la empresa ya está preparada para dar el salto este año a otro país europeo y ha precisado que baraja opciones en Portugal, Francia, Italia y Bélgica. Ha explicado que la intención de la empresa en su aventura internacional es mantener tanto el nombre de la cadena como el modelo de negocio.

Durante la presentación de resultados, Roig ha subrayado la necesidad de tomar medidas para aumentar la productividad de la economía española, aunque sean "impopulares" y "molestas". Ha apostado por "frenar el derroche" de los años anteriores a la crisis eliminando "lo que no añada valor", aunque ha descartado "recortar por recortar". Según Roig, la duración de la crisis dependerá de lo que tardemos todos los españoles en cambiar de actitud y adoptar "la cultura del esfuerzo y el trabajo". En este sentido, ha asegurado que "tenemos que imitar la cultura del esfuerzo con la que trabajan los 7.000 bazares chinos que hay en España (…)".



Esta declaração chega-nos, pois, de Espanha, mas podia vir de Berlim como de Lisboa, de Londres ou de Roma, de Paris ou de Budapeste. De qualquer governante ou dirigente económico, em suma, do "mundo desenvolvido ocidental". Se viesse da China, diria que "temos de evitar a cultura permissiva dos europeus", mas receberia o acordo "internacionalista" de todos os adeptos — chineses, europeus, ou outros — da "cultura do esforço" assim definida e significaria exactamente a mesma coisa: o mesmo "culto da força", que tende cada vez mais a funcionar como justificação da expansão indefinida e da absolutização do poder "global" de uma ordem política reduzida a correia de transmissão dos imperativos de uma economia tão "naturalizada", que a sua "cultura do esforço" só pode ser a de uma radical repressão de qualquer esforço cultural alternativo — e, por isso, revelador da sua miséria e da sua impotência "culturais" últimas — a esse mesmo "culto da força" que, cada vez mais exclusivamente, a alimenta e reproduz.

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