Concorde-se ou não com outras posições de Tsipras e do Syriza, concorde-se ou não com as bases programáticas gerais do segundo, e por mais que se deva ter presente que nenhum partido — incluindo aquele a que alguns de nós possam pertencer — nos representa ou pode, sem nos subordinar, substituir-se ao exercício directo da cidadania comum, entra pelos olhos dentro que Tsipras se limita a reconhecer sobriamente a realidade dos factos quando, como lemos nos jornais, "acusa a chanceler alemã Angela Merkel de estar 'a brincar com a vida das pessoas'", e acrescenta que "a doença da austeridade está a destruir a Grécia e irá espalhar-se por toda a Europa".
Resta-nos — tomando nota destas evidências, e recusando-nos a alimentar a fantasia tão inconsistente como impotente de que, quanto mais avançar a doença (a austeridade, a miséria de massa, a eventual ruptura da UE, seguida pelo recrudescimento dos nacionalismos, de eventuais conflitos guerreiros, de ditaduras e regimes militares…), mais próxima estará a "revolução"— concluir, também nisso pelo menos de acordo com Tsipras, que o isolamento da Grécia( no interior da UE ou fora dela, por iniciativa de um seu eventual governo ou por iniciativa das instâncias que governam a UE…) só facilitará a "brincadeira" de Merkel e dos interesses que a sua política veicula, tanto na Grécia como no resto da Europa e do mundo, e que, pelo contrário, será ao nível da UE, e através luta dos seus cidadãos comuns, que se trata, para já, de travar a austeridade, defender os direitos e liberdades fundamentais, sendo essa a única maneira imediata de assegurar, em suma, as condições de possibilidade de uma extensão e aprofundamento dos "muitos" cujas subalternização, exploração e precaridade o poder dos interesses oligárquicos e classistas que o nome de Merkel significa tentam constitucionalizar e instituir como o nosso quadro normal de existência.
16/05/12
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