23/05/12
Partidos irmãos
por
Miguel Serras Pereira
A diferença óbvia entre os irmãos biológicos e os que escolhemos, está no facto de não termos escolhido os primeiros, ao passo que somos responsáveis pela escolha que, pelas razões que nos são próprias, fazemos dos segundos. Assim, se é justo que se interpele o PCP, perguntando-lhe, perante as notícias que chegam do regime chinês ou cubano, como concilia a escolha que mantém de os considerar partidos-irmãos, com os princípios de igualdade e liberdade de que se reclama e declara defensor estrénuo, não seria justo interpelar o PS, exigindo, por exemplo, a António José Seguro que se pronunciasse sobre o assunto, como concilia os princípios de que se reclama e proclama garante exemplar com as relações cooperativas e fraternas que, pelo menos enquanto membro da IS, mantém com o partido que governa em Angola, quando — além de tudo o que sabemos sobre a ausência de liberdades fundamentais e as práticas de exploração desenfreada que são características distintivas do regime dirigido pelo MPLA — nos chegam notícias, como aquelas de que o Daniel Oliveira se faz hoje eco no Arrastão, sobre o terror com que as milícias pró-presidenciais entendem contribuir, com o explícito apoio e a mais manifesta aprovação das instâncias responsáveis, para a consolidação do Estado policial da nova potência oligárquica emergente?
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1 comentários:
No fundo, no fundo, existe uma certa afinidade entre o MPLA de José Eduardo dos Santos e o PS de Sócrates (e do coiso que lá está agora). Ambos são capatazes de grandes interesses internacionais.
E isto é válido para todos os governantes. O que não é de admirar, já que são os grandes interesses internacionais que subsidiam (em dinheiro ou armamento) a ascensão destes capatazes ao poder para depois rapinarem os países à vontade.
O facto de em determinados países estes capatazes serem ditadores e noutros serem democratas, tem a ver com o grau de literacia dos povos. Nos países mais literatos, sai mais barato instalar uma «democracia representativa» que fornece aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serena possíveis sentimentos de revolta. Nos países menos literatos, a violência contra as populações é mais eficaz contra as rebeliões.
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