14/07/12

Um verão em cheio…


…seria que, na região portuguesa, do esbulho em curso das férias, entre outras malfeitorias igualmente em curso, nos desforrássemos por cima, digamos, vamos lá, que por meio de uma vaga alta q.b. de mobilização da cidadania comum, que saísse para a rua, multiplicasse, nada menos do que a todos os níveis, as iniciativas de luta, de modo a tornar impossível o normal funcionamento das instituições, e — solidarizando-se em simultâneo, ainda que só para começar, com os protestos que irrompem nas outras regiões da Península, propondo-lhes a adopção da palavra de ordem de uma República Ibérica capaz de fazer recuar a ofensiva financeira da oligarquia — reclamasse pelo exemplo a democratização da União Europeia na base de uma carta fundamental consagrando os direitos governantes dos cidadãos, até ousarmos, depois, saber que, quanto ao resto, para a frente é que é o caminho.

4 comentários:

Libertário disse...

Natália Correia reclamou, num interessante livro, que somos todos hispanos, para escapar aos problemas da polémica do século XIX. Mas, Miguel Serras Pereira, numa tradição libertária o nosso objectivo, certamente ainda pouco popular..., deveria ser uma Federação das Autonomias Ibéricas e não um qualquer estado repúblicano. Afinal os portugueses já sabem, pela experiência de um século, o que vale uma república...

Miguel Serras Pereira disse...

É verdade, Libertário. No entanto, a república que defendo não exclui a Federação de Autonomias ou Regiões Autónomas. Nem, sobretudo, a subsistência dos aparelhos de Estado. O termo serve-me para sublinhar justamente a urgência de pensarmos a esfera pública contra a sua usurpação pela lógica e a organização estatais. Do mesmo modo, quando, aqui ou noutros sítios, falo em democratização, tenho presente a necessidade de afirmar a democracia contra o Estado, a participação igualitária e directa do autogoverno contra a representação.
Mas agradeço o ensejo de clarificação.

Saudações libertárias

msp

Anibal Duarte Corrécio disse...

A isto nós chamamos fascismo social.

Anónimo disse...

Hipótese de Revolução: a vontade de chance na aventura? Grande questionamento que não nos pode deixar indiferentes,claro." Não acredita em nada, à excepção do que é o menos crível ", esta a fórmula universal da ontologia da aventura- perífrase de Ligne sobre as "Aventuras" de Casanova - que Simmel escalpelizou, desdobrando a análise no seu tratado sobre a "Filosofia da Modernidade ". E o admirável hegeliano de esquerda, que foi aluno de G.W. Hegel, prof. de Martin Buber e travou homéricas polémicas com Franz Rosenzweig, vai mais longe e frisa: " O aventureiro precipita-se de qualquer forma à custa da sua própria força, mas, acima de tudo, persegue a sua própria chance, mais propriamente à unidade indiferenciada das duas. A força que lhe é, digamos, como que auto-assegurada, e a chance, que realmente desconhece, associam-se portanto nele de uma forma subjectiva, num sentimento de segurança. Se faz parte da essência do ´ génio´ o possuir uma relação imediata com as unidades secretas que se dissociam em fenómenos radicalmente separados na experiência, e graças às análises da inteligência; então, o aventureiro genial vive como por instinto místico, ao ponto de o curso do mundo e o destino individual ainda não se diferenciaram; por isso, o aventureiro, em geral, revela com facilidade um toque de ´génio ` ". Salut! Niet