02/11/12

Será a guerra, meu capitão, um bem tão precioso, que devamos apressar o "esfrangalhamento" que a tornará inevitável?

Com todo o respeito que me merece quem pegou em armas contra a ditadura, há certas dúvidas que não posso calar depois de tomar conhecimento das recentes declarações de Vasco Lourenço.

O "capitão de Abril" Vasco Lourenço considera que uma guerra na Europa é inevitável, se esta se continuar a "esfrangalhar", e defende a rápida saída de Portugal do Euro, preferencialmente em conjunto com outros países na mesma situação.
"A Europa vai esfrangalhar-se, vem aí a guerra inevitavelmente", disse, referindo--se à "destruição do estado social" e à "falta de solidariedade que está a haver na Europa".

Com efeito, se uma guerra é inevitável caso a Europa continue a esfrangalhar-se, será a guerra um bem tão precioso, que devamos apressar o "esfrangalhamento" que a tornará inevitável? E se, por outro lado,  a ideia é romper em concertação com outros, porque isso tornará mais fácil dar "a volta por cima", esta última não será mais exequível se o entendimento com outros visar evitar o "esfrangalhamento" da Europa e uma viragem política no governo da zona euro?

3 comentários:

Paulo Marques disse...

Em defesa do ex-militar, ele disse que era inevitável, não desejável, pelo menos prevendo neste momento.
Não digo que concorde, mas alguma reacção violenta surgirá, tal como, por exemplo, a criação de um regime repressivo na Grécia.

João Valente Aguiar disse...

Apesar de completamente lunático esse senhor acaba por dizer o que sucederá se o euro se esfrangalhar: o ressurgimento de nacionalismos e a guerra na europa. É preciso desmontar cada vez mais o que sucederá se a zona euro cair: o que a esquerda nacionalista propõe é um modelo de capitalismo de estado altamente repressivo e violento que, por não ter respaldo económico, só por via da força se poderá sustentar.

Um abraço!

Miguel Serras Pereira disse...

De acordo, Nightwish. Mas repare que Vasco Lourenço diz, por um lado, que o esfrangalhamento é desastroso, e que será inevitável que origine uma guerra, se não houver mudança de rumo - no que tem razão, como sublinha o comentário do João; mas, por outro lado, diz, como se tivesse de facto perdido a razão, que devemos contribuir e incentivar esse esfrangalhamento, rompendo com a zona euro.
Digamos que as premissas de VL tornam absurda a sua conclusão. Foi só isso que tentei exprimir ao escolher o título do post.

Cordiais saudações democráticas

msp