17/11/13

Zwarte Piet


San Nicolás, el venerable obispo de Mira (Anatolia, hoy Turquía) llegado todos los años a Holanda desde España para repartir regalos entre los niños, ha desfilado este domingo por Ámsterdam con más pajes que nunca. Esta vez han sido unos 600 ayudantes, que llevan tradicionalmente la cara pintada de negro, labios carmesí, peluca oscura rizada y atuendo morisco. Se llaman Zwarte Piet (Negro Pedro) y su condición de sirvientes estereotipados ha provocado un debate nacional capitalizado por el populista Geert Wilders. Él reclama que no se sacrifique un símbolo de identidad nacional en nombre de la corrección política, y lo hace con más fuerza que nadie. La defensa de la identidad nacional es precisamente uno de los mantras que repiten por toda Europa los grupos populistas.
Las críticas sobre el aparente inmovilismo de una sociedad que se llama tolerante, pero jalea una figura salida del colonialismo, han llegado hasta el Alto Comisionado de Naciones Unidas para los Derechos Humanos. Uno de sus equipos investiga ahora el supuesto racismo de la tradición.

Estas notícias que nos chegam dos Países Baixos talvez mereçam alguma reflexão. Com efeito,
não parece que negar que houve escravatura e que a cor da pele pôde ser um estigma imposto a seres humanos para os explorar e discriminar seja a melhor maneira de prevenir que a escravatura se repita ou de combater a discriminação racial. Muito pelo contrário, os que se recusam a recordar correm o risco de repetir o que excluem da memória. Correm e fazem-nos correr o risco de sucumbir perante uma possibilidade que tratam como se fosse um impossível — ou seja, como se nunca tivesse existido. Fazem pior: negando a legitimidade da representação encenada — seja nas ruas, nos livros, nos museus, nas conversas do dia a dia — da escravatura e do racismo, entregam a encenação e a interpretação desse passado aos racistas e nacionalistas do momento, oferecem-lhes o monopólio da reconstrução e do reconhecimento da realidade do passado, bem como do seu sentido presente. Negam a sua actualidade e renunciam a transformar a sua eficiência, ao mesmo tempo que a realidade e a actualidade das acções políticas e dos combates de ideias que venceram (incompletamente ainda e, por isso, até mais ver) a escravatura e o racismo.

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