A propósito do tema de uma nota do MAI já aqui comentada, ler também isto e o mais que, na mesma crónica, escreve Manuel António Pina:
Talvez por isso a Câmara da Amadora pretende agora, e a Comissão Nacional de Protecção de Dados não deixa, instalar na cidade 113-vídeos-de-vigilância-113, que registariam constantemente mais de 300 planos de ruas e praças (algumas ruas de "bairros problemáticos" chegariam a ser vigiadas por nove aparelhos ao mesmo tempo). Compreende-se a preocupação da Câmara da Amadora com a criminalidade de retalho. Não devem abundar na Amadora ministérios, fundações, sedes de grandes empresas de obras públicas ou gabinetes de advocacia e arquitectura especializados em fazer aprovar PIN em tempo recorde. Esses podem continuar a sorrir pois não estão a ser filmados.
17/08/10
Combater a "criminalidade de retalho" nos "bairros problemáticos" que não têm livre acesso à outra
por
Miguel Serras Pereira
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5 comentários:
Curioso. Li hoje mesmo num Vida Mundial de 1975, 13 de Fevereiro (sim, sou desses malucos), um texto seu intitulado "Bairros de lata e Rusgas", a propósito de rusgas de Copcon em bairros de lata, dessa vez no Casal Ventoso, onde perguntava porque não se fazia tais rusgas também em Cascais e no Restelo, etc... ;) O resto é História.
Cumprimentos
Pedro,
já não me lembrava desse texto, embora saiba que escrevi outros sobre um bar com o "delirante nome" de "Bagad" - na Reboleira ou na Amadora - em que reflectia sobre um cabo-verdiano, caído vítima das balas da polícia (não sei se militar, se civil). O texto chamava-se "Álcool, sangue, merda" e denunciava a mesma lógica - mutatis mutandis - que este meu post, quase quarenta anos depois, continua a denunciar.
Suponho que o texto que cita não será muito diferente e por isso só lhe posso dizer que o Pedro acaba por prestar homenagem à minha coerência, ou seja: que o tiro lhe sai pela culatra (espero que não lhe cause ferimentos, apesar de tudo - e se limite a funcionar como um susto salutar que o leve a reflectir duas vezes numa próxima ocasião).
Quanto ao fundo do problema, remeto-o para o texto integral da breve crónica do Manuel António Pina: está lá dito o essencial sobre o que há a dizer sobre a "administração interna" e "segurança pública" e o seu funcionamento ao serviço da oligarquia que nos governa.
Boa leitura e boa noite
msp
Miguel, percebeu tudo mal. Eu não estou aqui para disparar nada, não faz o meu género, nem costumo andar à caça de incoerências. Só lhe quis dar a conhecer o facto curioso de ter lido, no mesmo dia, um texto seu de 1975 sobre o mesmo tema (sim, o texto não é muito diferente). Só isso. Tenho quilos e quilos de Vidas Mundiais, Séculos Ilustrados, Observador (lembra-se?), e outros, revistas e jornais amarelados, ainda mais antigos, comprados na Feira da Ladra ou na Barateira e que um dia o meu herdeiro venderá ao quilo, espero que com proveito, que a vida está cara.
Boa escrita e bom dia.
Caro Pedro,
as minhas prontas desculpas. As caixas de comentários pregam-nos partidas destas, e o seu remate: "O resto é História" foi objecto de tresleitura pelo meu lado.
Mas, se quiser desfazer-se do seu arquivo e caso o seu filho não esteja interessado nele, escolha uma biblioteca honesta que o salvaguarde. Pelo que me diz, creio que vale bem a pena.
Cordiais saudações
msp
Post scriptum: Não apaguei o meu comentário porque, se o fizesse, teria de apagar também este seu último (o que não me permito) para não o tornar ininteligível. Prefiro dar a mão à palmatória, penitenciando-me pela minha precipitação. Servir-me-á de aviso.
Miguel, não tem nada que pedir desculpa, porque o equivoco foi bem justificado. Agora chega disto.
Eu espero que o meu filho dê valor um dia a estas velharias (tadito, ainda só tem sete anos). Já se vai habituando a ver o pai a levar para casa sacos de plástico com papeís velhos, revistas, jornais, livros, mapas, listas telefónicas e até (deus me perdoe) agendas pessoais e diários que eu nem imagino como possam estar à venda. Arrebanho tudo, acho tudo uma maravilha e tenho uma inveja danada do Pacheco Pereira e do seu armazém na Marmeleira. O tipo querendo, empregava-me lá como arquivista e eu vivia feliz. Espero morrer velho a mostrar aos meus netos o que tenho, no sótão do meu filho.
Obrigado pela atenção, Miguel. Abraço.
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