06/08/10

Em defesa de Paulo Pedroso

Na caixa de comentários deste post do Paulo Granjo apareceram insinuações - que já despontaram também noutros lugares - contestando a seguinte afirmação do autor do post: "um juíz abusivo e incompetente (…) assassinou politicamente Paulo Pedroso e, através disso, encurralou Ferro Rodrigues que os seus camaradas se apressaram a também apunhalar e substituir".
Sobre isto gostaria de dizer que, apesar de tudo o que me separa de Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues — ou seja, da apologia, a que ambos sacrificam, do capitalismo como horizonte inultrapassável da acção política e limitação a impor, por assim dizer, "meta-constitucionalmente" à democracia —,  um e outro foram vítimas de uma conspiração infame e que Paulo Pedroso teve um comportamento exemplar em circunstâncias extremas, começando por pedir o levantamento da imunidade parlamentar na AR, e mantendo daí em diante e até ao presente uma coerência de atitudes e uma nobreza ética acima de qualquer reparo.
Que agora Paulo Pedroso não exija de José Sócrates e de outros seus correligionários a mesma postura que adoptou é, politicamente, de lamentar. Mas não invalida o juízo que devemos - e nos devemos - manter a respeito dessa maquinação sinistra de que foi alvo.  Como também não impede que quem saiba ler esta notícia, que dá conta do modo como "Afinal, os procuradores pediram para ouvir Sócrates, mas a autorização não chegou"— e por mais deprimente que ache, como é o meu caso, a judicialização do combate político — só possa concluir que José Sócrates só tinha, politicamente, um caminho a tomar: exigir ser ouvido.
Por fim, neste momento, o facto de a defesa de qualquer perspectiva democrática minimamente digna desse nome passar pelo combate e oposição ao governo do PS e à evolução do regime que ele promove não nos deve impedir de declarar infame e tratar como tal qualquer tentativa de utilização política contra  militantes do PS, e em especial contra Paulo Pedroso, do episódio da instrução do processo da Casa Pia que, como bem escreve Paulo Granjo, o "assassinou politicamente (…) e, através disso, encurralou Ferro Rodrigues que os seus camaradas se apressaram a também apunhalar e substituir".

1 comentários:

Sier disse...

Caro Miguel Serras Pereira, muito foi falado sobre esse sr., apenas quero relembrar que o irmão João Pedroso exerce funções no Conselho Superior de Magistratura. É normal que estivesse mais á vontade. De qualquer modo mostrou coragem e tomou a atitude correcta.