24/03/12

Aprendiz de Salazar

“defesa da democracia é garantir a paz pública, segurança para que os portugueses possam viver tranquilamente”

Podia ter sido proferido por António de Oliveira Salazar. Mas quem o disse foi um seu aprendiz, Miguel Macedo, ministro da Administração Interna. Também aproveitou o momento para elogiar o comportamento da CGTP, incluindo a sua intolerância perante movimentos que não controla:

"Aquilo que aconteceu no Chiado não tem nada a ver com a manifestação da CGTP, que decorreu tranquilamente, com sentido cívico e de tranquilidade. Quero sublinhar também que em frente à Assembleia da República há imagens em que elementos da CGTP não permitiram que fosse confundida a sua manifestação com aqueles elementos que provocaram a situação no Chiado.”

Quando é que a CGTP se cansará de tantos elogios daqueles que pretensamente combate?...

10 comentários:

Anónimo disse...

não me parece que a segurança, a paz e a tranquilidade dos jornalistas agredidos tenha sido defendida. Talvez ele tenha que explicitar melhor a que portugueses se refere.

vítor dias disse...

E se a Helena Matos decidir, por táctica, passar a elogiá-lo a si dia sim dia não, a sua integridade fica posta em causa ?

Nem devia dar-me ao trabalho de escrever isto. Aquele seu «pretensamente» já diz tudo.

Pedro Viana disse...

Pelo que entendo das palavras do vítor dias, quer-nos fazer acreditar que existe uma conspiração à Direita para descredibilizar a CGTP perante os olhos dos trabalhadores ou quiçá levá-la a descredibilizar-se cedendo à "tentação da agitação popular". Suponho que deve acreditar piamente em encontros secretos em que rotinamente mais uns recém chegados à Direita são endontrinados no "discurso oficial perante a CGTP". Tenha paciência... e valorize mais a inteligência dos seus interlocutores.

Anónimo disse...

Este discurso proposto aqui por Vitor Dias, homem responsável e com tendências liberais anarquistas, parece um frete. Ou um canular- farça/ mistificação- para justificar o injustificável. Que nos remete para a tragédia política e teórica que invadiu há anos o PCP. Preocupações com estratégias alternativas e de combate às tentativas reiteradas e crescentes de endurecimento da Direita nacional: nickles!Vamos aceitar o atestado de bom comportamento do ministro da PSP: é o que parece querer-nos dizer V. Dias com convicção e malandrice de burocrata reformado! Niet

vítor dias disse...

Magnífico e autónomo pensamento político passamos a ser o que os nossos adversários ou inimigos, por esta ou aquela razão, disserem que nós somos.

Isto sim é que é inteligência e maturidade políticas caraças !

Pedro Viana disse...

Só existem duas hipóteses: os elogios à actuação da CGTP são sinceros ou falsos. O segundo caso implica a existência duma conspiração secreta, tendo em conta o número elevado de pessoas, em cargos muito diversos, que estariam a mentir com segundas intenções. Portanto, a hipótese mais simples, e plausível, é a de que a grande maioria desses elogios são sinceros.

Ora, parece-me claro ser motivo de preocupação que um (pretenso) adversário aprecie o nosso comportamento. A não ser que a CGTP considere que as suas ações constituem parte duma espécie de desporto, de ritual, com regras de "cavalheirismo e bom-comportamento". Regras, claro está, definidas pelo adversário.

Um grande passo para a vitória é dado quando se consegue induzir medo no adversário, levá-lo a duvidar da sua capacidade para controlar a situação, tornar pelo menos incerto o resultado final. Os dirigentes da CGTP obviamente sabem disto. E portanto a ausência duma estratégia nesse sentido sugere que ou a CGTP não está verdadeiramente interessada em derrotar a quem (pretensamente) se opõe, ou os dirigentes da CGTP têm uma estratégia para a vitória que mais ninguém (à Esquerda e à Direita) descortina. Espero que não estejam (também) à espera dum Messias...

vítor dias disse...

De facto, era só o que me faltava na vida : vir um qualquer Niet atribuir-me «tendências liberais anarquistas», logo a mim que, com idêntica falsificação, ao longo de mais de 30 anos, fui chamado pela imprensa de «inflexível ortodoxo» ou «empedernido estalinista».

Ele há cada surpresa !

Anónimo disse...

A farsa não pode parar: eis a extraordinária descoberta do tonitruante e " aparelhístico " super-burocrata V. Dias, o inatingível manipulador de palimpsestos e alquimias da ordem estaliniana da região lusitana. Niet

Anónimo disse...

O que acontece é que a Helena Matos não faz isso, nem por táctica, nem com sinceridade, nem de forma nenhuma. Não faz, nem é plausível que o venha a fazer. Então importa perguntar: há algum outro exemplo mais plausível que possa explicar tanto elogio à CGTP, ou este é apenas um argumento retórico mal-amanhado e sem ligação à realidade que o Vítor Dias improvisou no momento?

Anónimo disse...

Uma nótula de protesto: Pessoalizando as questões, V. Dias tentou fazer chicana com o meu pseudónimo. Manobra pura de estalinista reformado, que deita por terra os laivos de charmante educação sentimental que tenta ilustrar no seu blogue emblemático... Com efeito, muito antes de V.D. ser aparatchic em ascensão no p"c"p, eu era severamente criticado em Paris por ler Castoriadis, justamente, por compagnons de route do partido com " paredes de vidro ", anos mais tarde ministros de diversos Governos provisórios interpartidários. É caso para dizer, já a formiga tinha catarro...Niet