O que incomoda Angela Merkel, os detentores das posições de comando dos mercados financeiros, as camadas dirigentes da oligarquia da UE, e começa a abalar, um pouco por toda a parte, a arquitectura institucional antidemocrática da sua versão da "construção europeia", não é que a Grécia possa abandonar a zona euro, regressar ao dracma, proclamar tão formal e solenemente como em vão, a reconquista da "independência nacional" e da "soberania plena"; é, sim, o número crescente daqueles que, na Grécia, querem a UE e o euro, ao mesmo tempo que exigem tanto a renegociação da dívida e das condições impostas ao país pela troika como a transformação das regras do jogo do establishment da União, e, na realidade, a redefinição das normas de funcionamento que lhe servem de constituição.
A lição de grego que, a este propósito, nos compete aprender não poderia ser mais transparente: não são o soberanismo nem o nacionalismo, mas a "via europeia" o melhor modo de, em cada país ou região da UE, travar e organizar a luta contra a hegemonia neoliberal, criando condições e abrindo caminho, na Europa e por todo o mundo, a novos movimentos de democratização.
09/05/12
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3 comentários:
Peço desculpa, mas você ainda acredita no pai natal? A lógica da UE é e será sempre uma lógica neoliberal, e todas as concessões de soberania são concessões a uma lógica neoliberal. E nunca será de outro modo. Os euro-entusiastas qua ainda acreditam que o sistema de governo da UE pode ser mudado para uma versão minimamente democrática fazem-me lembrar um pouco os defuntos renovadores comunistas. Há coisas que não podem ser renovadas, se mudarem deixam de ser o que são, pelo que temos que começar do princípio.
Saudosistas do "orgulhosamente sós"... Dão-me piada estes comunistas que esquecem que os trabalhadores não têm pátria, e que um verdadeiro projecto alternativo só é pleno a uma escala internacional, no mínimo.
O saudosista sou eu? Nope, nem saudosista do orgulhosamente sós, nem comunista. Mas esta união europeia não tem futuro. alguém acredita que as intituições europeias vão ser democráticas, que o BCE vai ser um banco central normal (com emissão de moeda, por exemplo), e não apenas o Banco Local de Frankfurt, que a alemanha aceitará distribuir o enorme superavit que resulta do euro, etc, é altamente ingénuo. Os países grandes nunca aceitarão a democratização da europa, porque perdem poder. A alemanha já restableceu a sua zona de influência natural, que é o Benelux e a europa de leste, e está-se positivamente borrifando para os PIGS. Deviamos fazer o mesmo, uma união latina (ou mediterrânea) com moeda própria, de países com culturas e economias semelhantes. e que tivesse uma relação especial com o Magreb, por exemplo. Agora chega de "internacionalismo proletário", SFFV, já n estamos no sec. XIX...
JPTelo
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