13/06/12

Eleições, essa maçada


Quando Manuela Ferreira Leite lançou a boutade da suspensão da democracia por seis meses, ninguém levou nem a mal nem a sério. A senhora teve direito a mais 15 minutos de infâmia, atenuados pela idade, pela propensão para a incontinência verbal, etc. Depois, a doutrina revelou-se séria e abrangente. Governos “técnicos”, com economistas bem comportados ao leme, começaram a irromper como cogumelos vorazes na Europa dos aflitos. A sério: quem se lembraria de dar voz ao povo quando este se sente esmagado, ofendido, acuado? Pois. Ninguém quer por aí uma alcateia de Syrizas, com poder a sério. 
Mas esta doutrina ainda precisava de um porta-voz boçal e cândido q.b. para a expor sem vergonha. Eis que entra em cena Rui Rio. O autarca/merceeiro não teve pejo em exibir o que lhe vai na alminha: “As câmaras endividadas não deviam ter eleições, mas sim uma comissão administrativa para a gestão corrente.” Podia até ser um pedido de demissão encapotado; mas conhecendo a cepa da criatura, ninguém aposta nisso. E repare-se que não se trata de um “fascista”; ali o autoritarismo saloio da censura no portal da CMP, o despejo da Es.Col.A ou o apoio às cegadas do La Féria são apenas coisas de criatura pequenina, azeda por ter perdido o avião para voos mais altos, birras de tiranete paroquial que acaba por dar razão, com a sua permanência no poder eleito, aos maldizentes do sistema. 
A bem da verdade, o Porto já se entregou a uma “comissão” de mangas de alpaca. Mesmo com eleições.


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