26/06/12

Glosando Manuel António Pina

A Joana Lopes já pôs chamou a devida atenção para esta crónica de Manuel António Pina sobre o "ovo da serpente" da "irracionalidade racista", da qual retomo aqui o último parágrafo:

Ocorreu-me este episódio ao conhecer notícias recentes sobre a amnésia generalizada em que se gera o regresso da irracionalidade racista. Na Hungria, ao mesmo tempo que escritores nazis são hoje de leitura obrigatória nos curricula escolares, erguem-se estátuas ao "herói nacional" Miklós Horthy, regente do país entre as duas guerras e autor das primeiras leis anti-semitas da Europa Ocidental, responsável pelo envio de 450 mil judeus para campos de extermínio. Mais chocante ainda é o que se passa por estes dias em ...Israel: imigrantes negros vítimas de ataques - casas queimadas, espancamentos e outras agressões - e classificados pelo próprio primeiro-ministro de "praga" e de "cancro". O governo de Direita israelita parece ter esquecido os insultos semelhantes dirigidos aos judeus que precederam o Holocausto.

Ora, na esteira de Manuel António Pina, não deixa de ser curioso notar que — combinada com a estupidez das esperanças que investem o despotismo como redenção e ideal alimentadas pela prepotência arrogante da força e/ou vontade de dominação hierárquica de uns e pelo desespero resignado à impotência e à servidão de certas fracções fanatizadas das suas vítimas — a mesma amnésia generalizada surge em relação aos regimes estalinistas e à sua "ditadura sobre o proletariado".

3 comentários:

ZMB disse...

Eu tenho cá para mim um lema: nem ditadura do burocrata, nem ditadura do proletariado, nem ditadura do poeta nem mesmo ditadura do louco.
Compreendo o conceito de opressão definido há alguns posts atrás e o modo como a esquerda ou a direita o vê.
Eu que detesto opressão sobre mim, vi-me obrigado a reprimir, não foi legítimo mas justificou-se como uma resposta a uma ofensa, eu não sou dos que dão a outra face quando lhe batem. Por isso eu digo e compreendo que para mim eu oprimir é sempre uma espécie de reacção, um acto ilegítimo de fascismo, e mesmo ao me defender de uma ofensa me sinto mal por às vezes me quase forçarem a agredir, e ou seja, a fazer o que não gosto que outros façam.
Podesse toda a gente compreender-se, aceitar-se e nunca chegar a vias de facto.

Anónimo disse...

O Manuel António Pina será estalinista?!

LTN

Anónimo disse...

Isto é assim daquelas coisas cómicas...
LTN