O Jorge Valadas já fez valer aqui como a saída da crise — e a verdadeira compreensão desta — implica a passagem da resistência à ousadia, da greve e outras acções defensivas à ofensiva continuada de uma radical democratização instituinte.
Trata-se, na realidade, de não dissociar os dois momentos, de não limitar a luta à restauração de um utópico e mítico equilíbrio da acção governativa ou dos interesses tal como os definem e institucionalizam os aparelhos hierárquicos do regime estatal e económico governante.
Assim, que resposta imediata exige a situação actual na Europa e no mundo? Se quisermos começar pelo começo, torna-se necessário multiplicar os protestos e acções de recusa que obriguem as forças governantes a recuar e a ceder, travando a sua ofensiva — multiplicar os protestos e as acções que tornem impossível qualquer normalização.
Em segundo lugar, mantendo a prova de forças e reiterando os curtos-circuitos da normalidade governativa e do funcionamento da máquina económica, impor na prática o controlo do conjunto dos cidadãos e das suas organizações directas, democraticamente dirigidas, sobre as decisões que os afectam nos locais de trabalho, assim conquistados passo a passo para um espaço público renovado, e a todos os outros níveis em que a regulação colectiva seja necessária, tornando-a objecto de deliberação e decisão comuns.
O terceiro e último passo será a extensão instituinte dos resultados e conquistas indicados nos dois pontos anteriores: a democratização (a que poderíamos, por uma vez a justo títuilo, chamar "revolucionária") do regime — a substituição das relações de poder oligárquicas pela participação igualitária e responsável de todos nas leis e decisões que (n)os governam.
Para quem considere, com o olhar lavado de superstições, o que se passa, poderá haver coisa mais simples?
03/10/10
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