12/10/10

Lembrete

Partilho com Domingos Farinho a sensata ideia de que o futuro não é previsível: sim, com «outro Governo podíamos ter reagido melhor à crise» ou «estar piores que a Grécia». Mas não devemos encerrar apressadamente o tema com a evidência de termos ido «a votos» em 2009. Basta comparar o programa do PS com as orientações governativas adoptadas a seguir para esse argumento cair por terra. Podemos entender, com alguma razão, que os governos não servem para aplicar mecanicamente os seus programas (como se o futuro fosse previsível); podemos também acompanhar José Sócrates na convicção do mundo ter mudado numa semana; acontece que, ingenuamente ou não, muito foram os portugueses que acreditaram estar a votar num partido de esquerda, incapaz de propor repartições de sacrifícios com esta configuração e de ultrapassar o CDS pela direita em matéria de cortes nas prestações sociais. Pode ser que na altura da votação do OE alguém se lembre do programa com que foi eleito e abandone a sala num assomo de consciência.

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