13/10/10

Solidariedade: na prática e na teoria



A libertação dos mineiros no Chile é, também, um exercício de libertação desejada, da fraternidade genuína. Assistindo-se, em directo, às imagens vindas das minas de San José, comprovando-se, mais ou menos comovidamente, como o melhor se pode unir pelo bem comum que inclui os mais necessitados (no caso, os soterrados), fica a sensação, infelizmente tão escassa, de como a retórica, a propaganda, incluindo quando usadas pelos hoteleiros das utopias, gastando pelo uso imoderado as palavras da fraternidade e da solidariedade, é parte da ganga que esconde o minério das causas nobres que a humanidade é capaz de se mobilizar. A cadeia solidária que está a trazer os mineiros soterrados no Chile para respirarem a liberdade da superfície faz parte daquilo de que nos orgulhamos enquanto humanos. O suficiente para esquecer as imagens degradantes passadas ontem numa televisão (TVI 24) do desgraçado de um dirigente partidário – precisamente, o que mais fala em liberdade, fraternidade e solidariedade - que não foi capaz, entre os longos minutos em que enrolou o texto e as escapadelas, de largar uma palavra de solidariedade para com um prisioneiro político soterrado na ditadura chinesa.

(publicado também aqui)

5 comentários:

Pedro disse...

Entre os dez primeiros artigos deste blogue, quatro são a atacar o PCP. Assim se vê, o vosso inimigo "na prática e na teoria".

joana cerqueira disse...

Não vá ao médico, não !

Porra, porra, porra até o salvamento dos mineiros chilenos serve de ocasião para crucificar o Jerónimo de Sousa.

Isto da parte de um sujeito que nunca teve uma palavra sobre os milhares de sindicalistas e homens de esquerda assassinados pelos ajudantes do regime de Uribe e nunca manifestou solidariedade com os cinco cubanos há 12 anos presos nos EUA por actividades de prevenção do terrorismo orquestrado pela Fundação Cubano- americana.

Entretanto, voltando ao preso chinês, agradeço encarecidamente ao autor do «post» que me dê o link para o comunicado do PS que exprimiu a «solidariedade» com aquele nobelizado.

Joana Lopes disse...

Olha, agora foi buscar pseudónimo diferente para se tornar minha homónima!

Miguel Serras Pereira disse...

Mas, comentadores Pedro e Joana Cerqueira (belo nome cor de cereja!): digam-me, por favor, se, em vez de apoiar os desígnios globais da grande potência exploradora chinesa, rivais dos dos EUA, não será mais animador para a malta deixar bem claro que o socialismo e a democracia que visamos nada têm a ver com o regime da RPC e que temos de combater os que por cá nos querem reduzir às condições de precariedade, sobre-exploração e ditadura vigentes na China, do mesmo modo que apoiamos os que lá se batem contra o regime.

msp

Álvaro disse...

E os "soterrados" há anos em Guantanamo não têm direito a um nobelzito ?