27/12/11

Contra os sofismas da razão hierárquica

Contra todos os sofismas da razão classista e hierárquica (retomados, por vezes, onde não seria de esperar) , que opõem, em detrimento de ambas, a liberdade e a igualdade enquanto valores rivais — como se pudesse haver liberdade sem igualdade perante o poder e quanto à participação no exercício do poder, ou haver liberdade que não seja entre iguais, e igual para todos, quando alguns dispõem do poder de subordinar a liberdade dos outros aos seus interesses e privilégios —, este post do Tiago Mota Saraiva ilustra bem a que ponto, agora ainda mais urgentemente do que antes, a defesa da liberdade e das liberdades passa pela conquista instituinte da igualdade, começando pelo conjunto e diversos níveis dessa esfera do principal poder governante das nossas sociedades a que chamamos a economia.

Camilo Lourenço é apenas mais um que tenta demonstrar que levámos uma “vida fácil”, neste caso, “vida de alcoólicos”.
Nos meus momentos mais bonzinhos tendo a pensar que esta visão é toldada pelas dificuldades em ver o país a partir das janelas do seu automóvel de vidros fumados. Será que Camilo Lourenço não se apercebe que a maioria contraiu empréstimos para garantir necessidades básicas, como por exemplo, a habitação? Será que não se apercebe que um empréstimo não é um favor que a banca presta, mas uma prestação de serviços? Será que não se apercebe que durante o período que classifica de bebedeira havia centenas de milhar de pensionistas que não auferiam o valor mensal mínimo para se alcoolizarem condignamente? Será que não se apercebe que a maioria dos portugueses tão ou mais qualificados que Camilo Lourenço não auferem por ano o que um banqueiro aufere por semana?

2 comentários:

Diogo disse...

O artigo de Camilo Lourenço é inacreditável, mesmo para um indivíduo que é pago para mentir. Que quando a coisa azedar (e vai azedar), lembremo-nos todos da cara dele para o ajuste de contas.

Anónimo disse...

Trata-se de uma das questões mais difíceis que podem existir no plano da instituição da autonomia politica : a da igualdade económica e a sua construção... A destruição( ou sabotagem?) da hierarquia nas taras burocrático-administrativas fragmentadas da sociedade implicará a destruição -para ser eficaz e vencedora- da hierarquia dos salários e dos rendimentos da maioria dos actores da transformação política; indo ao encontro daquilo que Castoriadis aponta ao sublinhar: " A actual distribuição dos rendimentos, tanto entre os grupos como entre os indivíduos, é simplesmente o resultado de uma relação de forças. Nada mais. O que cria, é claro,problemas, no que diz respeito, por exemplo, à disciplina do trabalho. Se a colectividade dos trabalhadores não for capaz de criar uma solidariedade e uma disciplina suficientes para que toda a gente trabalhe aceitando certas normas colectivas, confrontar-nos-emos com o verdadeiro cerne do problema, que é de natureza política ",de um texto de Outubro 1990. Niet