30/12/11

Da ingerência da Natureza nos assuntos internos da monarquia marxista-leninista Kim

Espera-se uma nota do PCP condenando a ingerência da Natureza nos assuntos internos da República Popular Democrática da Coreia.

Quem duvide da clara racionalidade que assiste a esta expectativa de Manuel António Pina, verá dissiparem-se todas as incertezas lendo os poucos, mas luminosos parágrafos anteriores da sua crónica Tudo chora em Pyongyang.

25 comentários:

Alexandre Fonseca Santos disse...

O melhor comentário aos Serras Pereiras e MA Pinas está aqui em http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/2011/12/os-tempos-mudam-mas-alguns.html.

O comunicado do PCP é música celestial comparado com a prosa de Eanes, Soares e VG Fernandes sobre a morte de Mao Tse Tung.

Miguel Serras Pereira disse...

Alexandre Fonseca Santos,
sim, o post do Brumas é excelente e creio que animado de um espírito afim do que inspirou a crónica do grande Manuel António Pina - que, como saberá, é um dos autores mais citados tanto pelo Brumas como pelo Vias.
Daí que a peça que V. cita corrobora e completa, mas não contesta nem refuta a mais pequena vírgula da que aqui o indignou.
Não temos de nos resignar ao poder da estupidez nem à estupidez do poder - "gosto a limão, gosto a cereja, gosto a opressão, numa bandeja", como bem cantava o outro. Não se lembra?

Saudações republicanas

msp

Dédé disse...

FUNERAL DE KIM JONG-IL
Vídeo inédito onde se percebe bem que toda aquele pessoal estava lá obrigado. E quem não chorou, deu-se mal.

http://www.youtube.com/watch?v=wyYWPpk2ueM&feature=related

A.Silva disse...

"O chavão não tem força conceptual, vive da repetição, é reactivo, tique mental que afirma um já pensado que não chegou a ser pensamento."

Assim é MSP e A Pina a divertir-se com chavões

A.Silva disse...

É claro que em relação ao facto da Coreia do Sul há quase 60 anos estar ocupada pelos EUA, os MSP e PInas deste mundo nada têm a dizer.

Não faz parte dos chavões debitados pela TV única (com 4 canais) deste pais.

José Gonçalves Cravinho disse...

O Regime da Coreia do Norte é um assunto do seu Povo e foram os americanos que dividiram a Coreia em duas e empurraram a Coreia do Norte contra a parede e como o gato encurralado e assanhado,ela defende-se com unhas e dentes.Mas a Coreia do Norte não faz guerras e não invade outros Países como fazem os USA que abUSA de tudo e de todos e mantém milhares de soldados na Coreia do Sul e com armamento atómico.Afinal os USA que levaram a guerra aos Balcãs,ao Iraque e ao Afeganistão e ameaçam o Irão e a Síria,êles que se julgam o Polícia do Planeta,é que fazem perigar a Paz mundial.

Anónimo disse...

os eua ainda conseguiram mais um prodigio, colocar pessoas racionais e equilibradas ao lado de um regime demente. eles tem mesmo muita força.

Libertário disse...

Para o regime da Coreia do Norte só se pode olhar de duas formas:
- Com o espírito sereno do historiador, ou melhor do arqueólogo, que estuda um despotismo do passado.
- Com o nojo e a revolta dos homens e mulheres livres que não aceitam a submissão dos povos à vontade autoritária dos donos do Poder, seja em que época ou região do mundo for.

A.Silva disse...

Oh Libertário, explica lá ai como olhas para a parte sul da Coreia, ocupada pelas tropas americanas?

Miguel Serras Pereira disse...

A. Silva,
o Libertário explicará se quiser o que V. lhe pergunta. Mas explique lá V. como é que a situação na Coreia do Sul justifica a divinização do imperador na do Norte, e a torna, aos seus olhos, um regime socialista (ou "progressista", se quiser - contanto que me diga em que consiste o "progresso" e em que sentido se orienta).

Saudações laicas

msp

Libertário disse...

Sou contra todas as formas de dominação e opressão, mesmo as que se fazem sob o manto da "democracia"nos regimes capitalistas liberais. Por maioria de razão sou contra os regimes despóticos construídos em cima dos povos por elites burocráticas ditas revolucionárias: seja na URSS, na China ou na Coreia. Quanto ao regime da Coreia do Sul é o que todos sabemos uma semi-colónia americana, mas onde há contestação e resistência.

A.Silva disse...

MSP há quem encha a boca com palavras como liberdade e democracia, mas na prática não acreditam nem numa nem na outra coisa. Não acreditam na capacidade que cada povo tem de resolver os seus problemas e, de melhor ou pior forma, encontrar uma forma de se governarem a si próprios sem interferências de “salvadores” exteriores, ou de um qualquer deus misericordioso. No fundo essa gente, como parece ser o seu caso não acreditam na democracia, não acreditam na capacidade de autodeterminação dos povos.

Aquilo que lhe digo é que apesar de todos os anacronismos, ou de “estranhas” formas de democracia, o regime que existe na parte norte da Coreia é mil vezes mais LEGITIMO e DEMOCRÁTICO, que o regime da parte sul, imposto pelos EUA e que o ocupam militarmente. Apesar de tudo o governo que existe a norte foi resultado da vontade dos coreanos, a sul é uma imposição e essa é a realidade!

O que muitos como você fazem, é esquecer esta verdadeira aberração que é a Coreia do Sul, resulta da invasão americana que dividiu o país e que coloca em causa a PAZ para aquele povo.

Silenciam a criminosa guerra que os EUA continuam a manter (não, não é o suposto governo da Coreia do Sul que não aceita a paz, são os EUA!), guerra que provoca as mais atrozes dificuldades e carências a esse povo, impondo um bloqueio económico/financeiro que faz com que a Coreia do Norte seja obrigada a ser auto-sustentável, com os problemas alimentares que isso provoca em anos em que a natureza é menos benéfica. Bloqueio que foi ao ponto dos EUA inventarem uma suposta falsificação de dólares, feita pelo governo norte-coreano, para sequestrarem todos os depósitos que esse país tinha no estrangeiro, com as consequências que dai advêm na aquisição de produtos necessários.

As campanhas contra aquele país atingem todos os limites, ultrapassando todas as regras. No final do último campeonato do mundo, João Havelange presidente da FIFA, deu-se ao luxo de dar uma conferência de imprensa questionando a sorte da delegação norte-coreana, porque lhe tinham “chegado” uns zunzuns de que tinham sido presos, torturados, empalados ou “diabo a quatro”. A ver pela divulgação que tal conferência teve em Portugal, ela foi profusamente difundida pelo mundo, com a cara daquele senhor a credibilizar a pulhice. Uma semana depois um lacónico e quase silencioso comunicado da FIFA, confirmava que estava tudo bem, com alguns jogadores já a treinar nas suas equipas do Japão e na China e o treinador de boa saúde a trabalhar com a equipa para o próximo campeonato, é claro que Havelange podia ter obtido essa informação antes de levantar as calunias que afectaram gravemente a imagem de um país, mas o seu objectivo não era esse.

Mas sobre estas coisas os MSP`s e Pinas deste mundo, nada têm a dizer!

Não justifico o regime da Coreia do Norte, mas estarei ao lado deles na defesa da sua soberania, é o respeito pela liberdade dos povos, que você não parece ter.

Miguel Serras Pereira disse...

A. Silva,
faço meu o argumento de fundo do camarada Libertário. E acrescento o seguinte: se um regime imposto por uma potência imperialista é odioso, não o é menos o que uma ditadura impõe dentro de fronteiras nacionais. Os norte-coreanos escolheram tanto o regime que os condena à servidão como os portugueses de há umas décadas Salazar, ou os birmaneses a ditadura militar, ou os angolanos José Eduardo dos Santos. Por fim, se V. não justifica o regime norte-coreano, dizendo o que diz, o que faria se o justificasse?

msp

Luis Rainha disse...

Para alguns malucos, o regime demente da Coreia do Norte tem justificação pelo que se passa no Sul. E aquele pedaço de prosa acerca do "respeito pela liberdade dos povos" é simplesmente desprezível: o pobre do Che deve estar aos tombos na tumba ante o peculiar entendimento do internacionalismo proletário que alguns ditos comunistas hoje proclamam.
Se a ditadura existe, deixem-na estar pois é "um assunto do seu Povo". Que tristeza.

Alexandre Fonseca Santos disse...

M.S.Pereira:

Vocelência faz-se desentendido:ou seja, não quis perceber que eu estava a insinuar que não terá sido por acaso que o vias de facto não deu divulgação própria ao achado da Joana Lopes.

E também disse nada ao quesito significativo de que «O comunicado do PCP é música celestial comparado com a prosa de Eanes, Soares e VG Fernandes sobre a morte de Mao Tse Tung».

Já agora aproveito para lembrar que a Coreia do SUL , depois da 2ª guerra mundial,esteve submetida a 25 anos de ditadura (1º de Synghman Rhee e depois de Park-Chung-Hee) e qo que consta isso não causdou qualquer urticária nas pottências ocidentais.

nome-qualquer disse...

No comentário de 2 de Janeiro de 2012 12:47, no fim do primeiro parágrafo, A.Silva diz o seguinte: "No fundo essa gente, como parece ser o seu caso não acreditam na democracia, não acreditam na capacidade de autodeterminação dos povos."
Delicioso. Em primeiro lugar, a lógica para ser que uma democracia, só o é, depois de realizada aquela premissa, a da autodeterminação dos povos. Esse regime até poderá ser ditatorial e dinástico, como na Coreia do Norte, o que equivale a dizer que não é democrático, pois o povo não é o soberano.
Em segundo lugar, a facilidade com que uma certa esquerda usa a palavra "povo" parece-me desprovida de sentido, como uma palavra vazia, sujeita a inúmeros discursos e mistificações. Acaba por ser um tipo de discurso nacionalista que não foge aquela que era apanágio do Estado Novo e continua hoje em dia na extrema-direita portuguesa, o discurso de que esse "povo", talvez investido de poderes especiais por ser o sujeito do discurso, será capaz de tudo!, assim se deixe subjugar a uns "tipos muitos inteligentes e que lhes só querem bem".
Por último, é a ideia de que um sistema político só pode funcionar dentro de um quadro nacional, confinando a um território, esquecendo-se o internacionalismo e apostando-se no "orgulhosamente sós". Esta ideia, do estado-nação, que curiosamente muito deve ao espírito liberal, é assim tão acarinhada por alguns comunistas, de certo seguindo a "evolução dos tempos"...

Miguel Madeira disse...

A fronteira entre a Coreia do Norte e do Sul corresponde mais ao menos ao ponto onde os exércitos dos EUA e da URSS se encotraram depois de derrotarem os japoneses em 1945 (mais ou menos como na Alemanha). Ambos instalaram os seus ditadores favoritos - Kim Il Sung e Sygman Ree.

Nos anos 80, após anos de protestos estudantis e operários brutalmente reprimidos, a junta militar sul-coreana aceitou eleições mais ou menos livres.

Assim, onde é que "o governo que existe a norte foi resultado da vontade dos coreanos, a sul é uma imposição"? - tão imposição foi um como o outro, e no sul o regime actual sempre foi produto parcial da luta popular.

Luis Rainha disse...

Miguel,
Não te esqueças de que estás a falar com malta que acha (só por exemplo) que não existiu invasão soviética do Afeganistão, mas apenas a resposta a um pedido de ajuda da população local. Não vais lá nem com lições de História nem com racionalidade.

Miguel Serras Pereira disse...

Alexandre Fonseca Santos e A Silva,
o único problema é que gente como vocês, quando apresenta regimes como o norte-coreano considerando-os progressistas, resistentes, alternativos ao capitalismo, etc. etc., desacredita qualquer programa ou organização de que se reclame. É precisamente para não calar e consentir perante esse serviço que vocês prestam à oligarquia e às suas expressões ideológicas que aqueles que não se resignam à ordem oligárquica e antidemocrática que governa esta parte do mundo têm a obrigação de se demarcar não só da monstruosa impostura que são os regimes chinês ou norte-coreano como dos seus arautos noutras latitudes.
Entendidos?

msp

A.Silva disse...

Diz MSP; “Os norte-coreanos escolheram tanto o regime que os condena à servidão como os portugueses de há umas décadas Salazar”.
E sabe MSP quem libertou os portugueses do regime que os condenava à servidão? Embora lhe possa parecer impossível, asseguro-lhe que foi o povo português que se libertou desse regime, mesmo sendo ele apoiado pelos criminosos do costume; EUA.

Mas antes de MSP o Libertário afirma ser “contra todas as formas de dominação e opressão”, denunciando; o “regime da Coreia do Sul é o que todos sabemos uma semi-colónia americana”.
Desculpa lá Libertário mas podias explicar-me o que é isso de semi-colónia (ao MSP não vale a pena porque ele entendeu), já agora mesmo sendo contra a opressão, o facto da Coreia do Sul ser uma semi-colónia, não te inspira nenhum comentário de maior semi-repulsa, sei lá…?

Depois aparece o Luís Rainha que por ser tão prolixo fica para o fim, antes temos o Nuno.

Diz o Nuno de forma atabalhoada, “Em primeiro lugar, a lógica para ser que uma democracia, só o é, depois de realizada aquela premissa, a da autodeterminação dos povos”, que traduzindo julgo querer dizer; “Em primeiro lugar, a lógica que para ser uma democracia, só o é, depois de realizada aquela premissa, a da autodeterminação dos povos”.
Pois é Nuno, a verdade é que só existe democracia num país auto-determinado, um país mesmo sendo semi-colónia não cumpre os requesitos!

Continua o Nuno por caminhos que não asseguro perceber, «o discurso de que esse "povo", talvez investido de poderes especiais por ser o sujeito do discurso, será capaz de tudo!».
Não sei se o povo é capaz de tudo, nem sei o que são esses tais “poderes especiais”, mas que os povos têm capacidade de se gerir, lá isso têm, aliás isso é a essência da democracia!

Por fim diz o Nuno, “a ideia de que um sistema político só pode funcionar dentro de um quadro nacional, confinando a um território, esquecendo-se o internacionalismo”.
Caro Nuno ninguém defende isolamentos, mas sim respeito por soberanias, percebe a diferença? Já ouvi muitos argumentos acerca da presença de tropas dos EUA na Coreia, mas que aquilo é “internacionalismo” é que nunca tinha ouvido, mas talvez o MSP e o Luís Rainha concordem?

Voltando à conversa diz MSP, “o único problema é que gente como vocês, quando apresenta regimes como o norte-coreano considerando-os progressistas”.
Não sei se MSP está a ser desonesto, se é o facto de se pôr a debitar certas cassetes que lhe toldam o espírito e lhe retiram capacidade de discernimento; primeiro isto não é um vocês, é um EU, entendeu? Depois a forma como apresentei a Coreia foi;«apesar de todos os anacronismos, ou de “estranhas” formas de democracia». Sabe o que significa anacronismos?

Luís Rainha, como é bom o mundo dos simples de espírito, como tudo se podia resumir a meia dúzia de chavões, "O chavão não tem força conceptual, vive da repetição, é reactivo, tique mental que afirma um já pensado que não chegou a ser pensamento."

Rainha todos nós sabemos que as ditaduras nada têm a ver com classes, muito menos com lutas de classes, são regimes políticos resultantes de tipos, que ninguém sabe como aparecem, mas que têm a estranha capacidade de controlar todas as pessoas, foi assim em Portugal, com um tal Salazar que falando de forma “agasparzada” adormecia e hipnotizava o povo, incluindo os pobres dos capitalistas e latifundiários, que como se sabe, não tinham nada a ver com o regime.

As monarquias ainda são mais simples, dado não terem aquele mistério da origem, pois todos sabemos que foi um Deus qualquer e superior que os colocou a gerir os povos, e é claro que um Rei nada tem a ver com classes, muito menos com equilíbrios dentro da nobreza e ainda muito menos, entre esta e as restantes classes.

Não é tão bonito o mundo dos simples Rainha?

A.Silva disse...

Ah Miguel Madeira desculpe não ter respondido atrás, mas depois do Libertário ter aparecido com uma “semi-colónia”, o facto da junta militar sul-coreana ter aceitado “eleições mais ou menos livres” deixou-me um pouco baralhado. Não se importava de explicar o que é isso de “mais ou menos livres”?

Deve ser uma nova modalidade de eleições, tipo; eleições 43%, 51% ou 93% livres?

Quem sabe se a moda pega?

Miguel Serras Pereira disse...

A. Silva,
o "Vocês" referia-se a si e ao Alexandre Fonseca Santos, homem! A quem mais havia de ser? Não compreendo bem a razão do seu protesto.
Por outro lado, o único argumento que V. tenta reformular é o que diz respeoto às "soberanias" nacionais. Ora, no meu entender - e no do marxismo clássico - se há alguma "soberania" que deve primar sobre as outras é não a "nacional", mas a "soberania popular" sob a forma do governo dos produtores associados e seus companheiros. E esta "soberania popular" implica, por um lado, formas de poder político alternativas ao "aparelho de Estado" instituído, e, por outro, a superação decidida dos "interesses nacionais" ou da "independência nacional".

msp

A.Silva disse...

E prontos, tal como o outro ali atrás falava de “internacionalismo” para se referir à ingerência dos EUA nos assuntos internos da Coreia, o MSP fala de uma “soberania popular” que tem primazia sobre a “nacional”, com formas alternativas ao “aparelho de estado” instituído… já tinha lido muito disparate para justificar as ingerências dos EUA na Coreia, mas esta não deixa de ser curiosa.

A.Silva disse...

E ainda para o "inteligente" Luís Rainha deixo este video sobre o Afeganistão:
http://www.youtube.com/watch?v=Dqn0bm4E9yw&feature=share

Miguel Serras Pereira disse...

A. Silva,
a sua resposta: "o MSP fala de uma “soberania popular” que tem primazia sobre a “nacional”, com formas alternativas ao “aparelho de estado” instituído… já tinha lido muito disparate para justificar as ingerências dos EUA na Coreia, mas esta não deixa de ser curiosa" é estúpida ou mal-intencionada (também pode ser ambas as coisas…)
Onde é que V. leu que eu justifico a política externa e o belicismo dos EUA na região ou a ditadura sul-coreana, instaurada no termo da guerra sob o patrocínio de Washington?
Custa-lhe assim tanto aceitar que a celebração da "soberania nacional" é uma mistificação oligárquica, usada contra o internacionalismo e a transformação democrática das relações de dominação existentes?

msp