20/01/12

Memorando do Álvaro

A quantidade de favores que fiquei a dever à malta da minha Loja para sacar este documento confidencial...
«Eu sei que o teu tio Ângelo garantiu que os amigos dele iam dar vivas à dádiva. Mas os tipos das confederações só me perguntavam coisas como “A fábrica aberta mais tempo? E quem paga a electricidade?” ou “Trinta minutos extra? Já nem sei o que produzir assim!” Outros queixaram-se de ficar com menos vagar para o golfe e as amantes. Uma cambada de botabaixistas, se me é permitido o socratismo. Acho que vamos ter de pensar noutra coisa. Isto foi assim como dar uma consola a um puto que não tem electricidade em casa. Eles são bons é a sacar subsídios ao Estado e depois cuspir na malga.
Olha aquilo do Europarque, que ia ser o orgulho da pátria – foi tudo à viola, mas claro que os fulanos da AEP agora contam com o nosso aval. São cruzes sem fim: até uma coisa chamada Papo d’Anjo afundou, com nomes famosos ao leme, a AICEP a arder e armazéns a abarrotar de roupa de tia de Cascais em miniatura. Abrenúncio; quem vestiria uma criança com aquilo?
Mas há boas notícias. Parece que 2012 é capaz de ter um segundo suplementar – mais tempo para pormos toda a gente a bulir sem darem pela marosca. Pelas contas do Gaspar, vai ser excelente para a nossa produtividade. E claro, se me perguntarem, digo que a ideia foi tua.»

1 comentários:

alf disse...

Belo post.

Há coisas básicas que estes economistas/políticos não há meio de perceberem; uma é que nenhuma empresa tem sucesso nas exportações se não estiver apoiada no mercado interno. Ao minar o mercado interno com os produtos estrangeiros, quebraram-se os pilares que poderiam suportar a produção nacional

mais tempo de trabalho? para quê? o problema não é produzir mais, é vender mais; e meia-hora não dá sequer para reduzir o pessoal, só dá mesmo para aumentar a conta da electricidade.