13/08/10

O Estado e os seus pinhais que, estranhamente, se lembram de arder


Causou agora muita celeuma a ideia de expropriar os pinhais que não se apresentem convenientemente limpos e preparados para resistir melhor a incêndios.
O que ninguém parece recordar é que há 72 anos já esta ameaça foi brandida pelo mesmo Estado: “Os terrenos de particulares incluídos nos perímetros e que devam ser destinados à cultura florestal serão arborizados pelos respectivos proprietários, em conformidade com os projectos definitivos elaborados pelos serviços florestais. Se o não forem, poderão ser adquiridos ou expropriados pelo Estado”. Isto consta do Plano de Povoamento Florestal de 1938; uma ferramenta que pretendia reflorestar as serras mas que acabou por criar os depósitos de combustível que hoje animam os telejornais de Verão.
Ou seja: já fomos obrigados (sob ameaça de expropriação) a encher (a expensas próprias) as nossas propriedades de árvores facilmente inflamáveis. Agora, por causa disso, somos obrigados (sob ameaça de expropriação) a remendar (a expensas próprias) o resultado do planeamento estatal. Parece-vos mesmo justo?

5 comentários:

L. Rodrigues disse...

O problema terá sido o tipo de florestação, se em vez de pinheiro se tivesse investido na floresta mediterrãnica original, com os seus variados Quercus, e outra folhosas de combustão lenta, teriamos uma floresta mais valiosa, mais rica em biodiversidade, e menos vulnerável aos incêndios.

Justiniano disse...

Boa, Rainha! E o tal Ministro disse que ia "estudar" ou "pensar" a coisa!! Ainda hão de obrigar o povo a asfaltar leiras e ladeiras!!

Justiniano disse...

Ora, cara L. Rodrigues, nem diga uma coisa dessas!!! Olhe que ao critério de medianamente cauteloso, para além da boca de incendio e do carreiro asfaltado, também lá pode saltar o conceito de jardim mediterraneo!!

Anónimo disse...

Luis, trata-se de expropriar os terrenos que estão ao abandono, estejam ou não arborizados.
Se o principal combustível para os fogos são as árvores, os terrenos abandonados, o mato seco e as lixeiras a céu aberto são o fósforo e o rastilho. Não se conseguindo, de imediato, anular o problema do combustível trata-se de acabar com os fósforos e os rastilhos.
tms

JKL disse...

Continua-me a parecer uma profunda cretinice esta história da expropriação. O problema, tal como referido num comentário anterior, prende-se acima de tudo com o tipo de floresta e com a densidade da mesma. Ordenamento florestal. Não vale a pena limpar o mato quando não se consegue conter a passagem do fogo pela copa...